Governança de Dados é imperativa para negócios

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No segundo dia do Data Management Forum, promovido pela TI INSIDE nesta quarta-feira,1, a continuidade dos negócios foi o tema do painel que discutiu a importância de monitorar dados, pois pode ser uma questão de sobrevivência para muitas empresas. Até 2025, 80% das organizações que buscam ganhar escala em negócios digitais fracassarão por não adotarem uma abordagem moderna de governança de dados.

Para Gustavo Artese, titular da Artese Advogado, o regulamento digital no mundo pode ser classificado antes e depois das leis sobre proteção de dados. "A partir de 2018, vivemos um período de adaptação, mas foi um período que gerou a criação de times de governança e oportunidades para muitos profissionais e uma demanda legal, entretanto foi nesta fase que as estratégias de BPO foram estabelecidas", lembrou.

Como disse o advogado, neste cenário atual de pós-pandemia e pós regulação, existem situações em que a demanda regulatória que é real e onde a colaboração entre áreas deve ser real, abrindo espaço para muitos profissionais de direito se envolverem na TI.

"Daqui para frente esse cenário deve se intensificar. Os usos mais complexos e a maior demanda por dados apresentarão consequências por seu uso. Temos uma realidade que ainda não está regulada que é a IA. E ao se analisar por este caminho, outras e muitas novas tecnologias como o Metaverso, expressam singularidades. Outro exemplo é a computação quântica, E cada uma dessas novas tecnologias deverão ter suas atividades regulatórias especificadas", alerta o especialista.

Conforme explicou o advogado, cada uma dessas novidades gera potenciais problemas para os titulares dos dados e terceiros. "O mundo de dados é de alta conexão entre as organizações, muito compartilhamento de dados, dependência de terceiros, armazenamento, processamento, enfim todas as etapas que são complicadores", reiterou.

Ele aponta ainda que os ganhos de gestão por meio de dados só são possíveis por haver uma regulação e que por isso foi possível conhecer seus clientes, seus parceiros. "Caso contrário sem conhecer os dados e sem regras de governança e gestão, mesmo que ainda seja uma questão incipiente no Brasil, as organizações não definiram bem, suas estruturas, orçamentos, quanto vão gastar, podem perceber que há um alto investimento e poucos ganhos, este é um cenário que vai amadurecer", disse.

Leandro Astorga, gerente de Privacidade de Dados na Movile avalia que este processo de governança seja irreversível para todas as empresas e vem sendo perseguido como meta em algumas.  "Existem movimentos mundiais em rumo a privacidade e proteção de dados desde os 60, com ferramentas para tornar processos mais inteligentes e na Europa, em especial, impulsionado pela indústria dos países mais desenvolvidos. ", relatou o especialista.

Ele concorda que a GDPR impulsionou a criação da LGPD aqui no Brasil, juntamente com os demais marcos legais que vieram antes e ajudam muito o segmento.

E por isso, como assentiu o especialista, os vários tipos de dados existentes e os conceitos de criticidade e sensibilidades determinam o grau alto de preocupação. "Quanto mais dados usamos mais riscos assumimos e a transparência com o dono dos dados, obedecendo as bases legais é vital para os negócios.  Dessa forma a correta manipulação e mapeamento onde os dados correm dentro da organização, da coleta a destruição, onde são tratados com os parceiros, enfim a finalidade não pode ser desviada", reiterou.

Leandro ainda disse que é evidente a inquietação dos gestores visto que a transformação gerou pontos críticos de tecnologia e o uso ilegal e abusivo  pode gerar multas, suspensão ou até a proibição parcial ou total da empresa no tratamento de dados. "A adaptação à nova realidade, o suporte técnico, mapeamento, além de políticas e treinamento na gestão interna ou de terceiros são obrigatórias nos dias de hoje", disse.

Segundo Wagner Felipe Aleixo, executivo do Centro de Excelência de Dados do Grupo Boticário, dois temas: a cultura e a governança de dados são capitais em toda a discussão sobre dados.

De acordo com o executivo, o aspecto cultural das companhias envolvidas na gestão dos dados  irá quebrar os preconceitos e melhorar a interpretação melhor desses dados . "Na minha experiência vejo que a contribuição e democratização, com governança e segurança realmente trazem melhores resultados. Existem aspectos essenciais como o envolvimento de quem chega à empresa desde o início, onde os dados estão , como acessá-los, o que pode ser compartilhado o que não, onde estão os dados? ", lembrou.

Como disse, além da democratização e responsabilidade no tratamento dados se adiciona a isso a necessidade atender as exigências da LGPD e neste âmbito cabe aos gestores levar essas exigências de forma prática e simples, não como uma obrigação do processo, mas traduzida como um cuidado para toda a organização.

Victor Isaac, responsável pela área de Privacidade da MRV concorda que o movimento para a governança de dados veio na esteira da LGPD, levando o entendimento das companhias que passaram a olhar para os dados como fim e não somente um meio.

"Neste momento é que se entende que aí está o futuro. Muitos falam que os dados são o novo petróleo, mas petróleo bruto não serve pra nada, precisa ser processado para ter utilidade. É determinante para prosperidade dos negócios ter esse refino de dados. O time de analytics deve estar próximo dos objetivos do negócio e garantir a sobrevivência no tempo", disse.

Flavio Silva, coordenador e especialista de Segurança da Informação da Trend Micro Brasil aponta que a governança de dados está intrinsecamente ligada a segurança da informação   "Hoje as empresas são customer centric e conhecer melhor seu cliente por meio de dados geram este conhecimento e seu diferencial competitivo por meio de mais personalização e para isso precisa de dados tratados como forma de abordar esses clientes", sustentou o executivo.

Como reforçou Silva, a governança depende muito da maturidade das empresas para o tratamento de suas informações e dos dados de seus clientes e parceiros "Tudo ainda diz respeito a processos, pessoas e tecnologia. Mas o risco está presente neste contexto menos por leaks intencionais ou não mas muito pela exploração das vulnerabilidades, seja da internet seja do movimento entre nuvens, enfim são vários fatores que contribuem para o vazamento de dados", disse.

Para o executivo a tecnologia contribui para proteger os dados e tem um papel importante para alavancar os negócios, desde que haja o empenho de tirar o melhor proveito deles e cientes que as vulnerabilidades existem e que ninguém está 100% seguro, mas que esse cenário será sempre o palco de um constante cuidado e atenção.

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