A apresentação da Nokia-Siemens durante o 1º Seminário Wireless Broadband realizado na última quinta-feira, 1, em São Paulo, trouxe alguns alertas importantes para as operadoras móveis. Joaquín Molina, head of sales da companhia, sugeriou que em um mundo de alto consumo de dados, o melhor modelo de comercialização do serviço talvez seja não o de flat fee, mas o de tarifas diferenciadas em horários de menor tráfego e diferenciação na qualidade do serviço em função do plano. Mas ele ponderou que as operadoras, em geral, não conhecem o perfil de uso das suas redes e, por isso, têm dificuldade para desenhar ofertas que não afugentem os usuários médios ou penalizem demais os heavy users. "Os departamentos de marketing estão trabalhando com base no instinto e não em dados reais", afirmou o executivo.
Segundo o executivo, dois terços das operadoras na Europa adotavam o método de cobrança em que é cobrado um adicional depois que os usuários atingiam o limite contratado em seus planos de dados. Em 2009, a maioria das teles europeias mudou para o modelo em que a velocidade é reduzida quando o usuário atinge o limite. Para Molina, ambos os modelos são poucos amigavéis para o consumidor. O executivo sugere um modelo em que ao atingir o limite, o tráfego daquele usuário tenha prioridade menor.
Outra questão abordada pelo executivo foi a falta de conhecimento das operadoras em relação ao perfil de uso da rede. Segundo ele, cerca de 50% da capacidade total das redes está ociosa, o que poderia ser alvo de planos específicos. Ou seja, há um grande volume de uso concentrado em determinados horários e determinadas regiões, mas um grande excedente em outras áreas e horários. Tamanha ociosidade seria impensável em outras indústrias como a de hotelaria ou aviação, exemplifica o executivo. Mas o pior é que, segundo ele, as empresas não têm ferramentas que permitem vizualizar em tempo real o perfil de uso da rede e, a partir daí, pensar em promoções baseadas em horários ou locais com capacidade ociosa. "A operadora não tem capacidade de analisar onde tem capacidade excedente; ela não tem uma visão única", diz ele.
Novo mundo
A raíz desses problemas é que a rede das operadoras não foram desenhadas para o perfil de uso dos smartphones que contém uma série de aplicativos "always on", o que sobrecarrega a camada de sinalização da rede. O cenário ficou ainda mais crítico depois da chegada do iPhone cujos usuários, segundo dados da Nokia Siemens, consomem até 10 vezes mais capacidade de rede do que a média dos usuários de outros smartphones.
Com a crescente melhoria dos browsers e do tamanho da tela, a navegação no smartphones vêm, ao longo dos anos, se tornando muito semelhante ao de um usuário de Internet em computadores. No caso particular do iPhone, seus usuários acessam a web apenas 9% menos que um usuário do PC, de acordo com os dados da Nokia Siemens. "O uso da rede móvel é um espelho do que o usuário faz em casa", explica Joaquín Molina.
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