Você ainda faz reuniões "one to one"?

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Na sua empresa, com quem você conversou hoje? Seu chefe, alguns colegas e talvez algum colaborador, se você frequentar o escritório. Em geral, esses papos informais são fundamentais para criarmos laços e conhecermos mais sobre quem está à nossa volta. Eles tornam nosso dia a dia mais agradável e interessante. Também nos permitem sermos mais empáticos e desenvolvermos nosso senso de comunidade e colaboração. Talvez você mantenha essa rotina sempre com as mesmas pessoas, não é?!

E reuniões? Quantas reuniões você fez e quantas pessoas participaram delas? Todas as pessoas que estavam lá conseguiram falar o que era preciso? Você conseguiu se conectar com todas elas, ampliou seu repertório e percepção sobre quem são, seus conhecimentos e como podem contribuir com seu trabalho e com a empresa?

Sim, são muitas perguntas. Faço todas elas para te convidar a pensar em uma prática que muita vezes é suplantada pelas demandas do dia a dia, mas é extremamente valiosa: as reuniões one to one. Como o nome diz, são conversas estruturadas entre duas pessoas. Elas têm como objetivo criar um espaço de diálogo genuíno para explorar temas variados, que vão do cotidiano da companhia à visão dos participantes sobre os negócios. Em geral, são conduzidas pelo gestor, mas, ao contrário de criar hierarquização, a ideia é que facilitem a comunicação e ampliem os horizontes de ambos os envolvidos. É o momento de "ver e ser visto" para quem está dos dois lados da mesa. 

Esses encontros individuais não apenas permitem uma conexão pessoal significativa, mas também oferecem uma oportunidade única para os gestores obterem insights valiosos sobre a empresa e suas operações. Do ponto de vista do funcionário, é o momento de conhecer mais sobre a liderança, estreitar o relacionamento, assim como uma chance de visibilidade sobre suas habilidades. 

Nas reuniões de 1:1 com meu time, eu sempre reforço que esses momentos são uma grande oportunidade de sair da minha bolha – que pode ficar "viciada" por aqueles que me cercam de forma mais direta – para ouvir o que realmente acontece na operação. Também tenho o hábito de sempre começar o papo perguntando sobre como a pessoa está, sua família, as novidades fora do ambiente de trabalho, porque efetivamente quero entender meus colaboradores mais profundamente. Por isso, cada conversa se torna única. 

É inegável que, à medida que as empresas crescem e se expandem globalmente, a alta liderança pode encontrar desafios para manter uma rotina consistente de reuniões one to one com todos do time. No entanto, é fundamental reconhecer que esse contato pessoal não deve ser negligenciado. Nesse sentido, a média gerência exerce papel estratégico em manter a prática com mais frequência. 

Líderes corporativos, independentemente de suas posições, não podem se enclausurar em suas próprias convicções. A tendência de se distanciar das operações diárias pode levar a decisões desconectadas da realidade vivida pelos funcionários. Esses momentos de contato direto oferecem a oportunidade de ouvir diretamente as preocupações, ideias e sugestões dos colaboradores, enriquecendo assim a compreensão humanizada do ambiente organizacional. 

Para extrair o melhor dessas conversas, procuro chegar preparado, tendo em mente um roteiro semiestruturado, que me ajuda a trazer à tona a riqueza potencial daquela interação. Caso não seja o primeiro encontro individual, uso como ponto de partida temas relevantes da reunião anterior. Isso é importante para dar continuidade aos assuntos e para que a pessoa tenha certeza de que realmente está sendo ouvida. Isso é essencial: essas conversas não podem ser vazias, repetitivas ou embaraçosas para que cumpram seu real objetivo.

No contexto atual, onde a tecnologia desempenha um papel central na transformação digital das empresas, há diversas ferramentas que podem auxiliar os líderes a manterem essas rotinas de maneira eficiente. Plataformas de gestão de equipes, como Slack e Microsoft Teams, para citar os mais conhecidos, oferecem recursos de agendamento e lembretes automáticos, por exemplo. Além disso, sistemas de análise de dados podem fornecer insights preditivos sobre o desempenho e o engajamento dos colaboradores, orientando os líderes nas conversas individuais de forma mais informada e estratégica.

As reuniões one to one não são apenas uma formalidade, mas uma rotina eficiente para uma liderança autêntica e eficaz. Elas permitem que os líderes mantenham um contato próximo com a realidade da empresa, renovem seus pontos de vista e conduzam suas equipes com base em uma compreensão mais profunda e empática. Investir nesse contato individualizado não apenas fortalece o tecido organizacional, mas também contribui significativamente para o sucesso sustentável das empresas no longo prazo. Nosso tempo é tão valioso que cedê-lo genuinamente a quem trabalha conosco é uma oportunidade preciosa que não podemos desperdiçar, você não acha?

Fabrício Oliveira, CEO da Vockan.

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