O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou nesta segunda-feira, 2, que o Brasil exige, por escrito, prontas explicações sobre as denúncias de espionagem a comunicações da presidente Dilma Rousseff e de seus assessores. No último domingo, 1º, uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, revelou a existência de documentos que mostram que foi feita espionagem de comunicações da presidenta com seus principais assessores, bem como entre eles e com terceiros.
Cogita-se, inclusive, que Dilma pode cancelar a viagem oficial aos Estados Unidos programada para outubro caso o presidente Barack Obama não dê "respostas satisfatórias" sobre as ações de espionagem da NSA (Agência de Segurança Nacional) que teriam atingido a presidente brasileira.
Figueiredo informou que convocou o embaixador americano no Brasil, Thomas Shannon, para expressar a indignação do governo brasileiro com as denúncias de monitoramento. "Isto representa uma violação inadmissível, inaceitável, da soberania brasileira. Este tipo de prática é incompatível com a consciência necessária a uma parceria estratégica entre os dois países. O Brasil quer prontas explicações, formais, por escrito, sobre os fatos revelados na reportagem", destacou o ministro.
Ainda de acordo com o ministro, o governo levará essas questões aos foros internacionais, inclusive aos dedicados aos direitos humanos. O chanceler também afirmou que o Brasil defende uma estrutura de governança internacional da internet que coíba eventuais abusos e garanta direitos, como a privacidade. Segundo Figueiredo, foi repassado ao embaixador Thomas Shannon que a expectativa é de que a resposta seja dada ainda esta semana.
CPI da Espionagem
Além disso, nesta terça-feira, 3, o Senado vai instalar a CPI da Espionagem, que terá 11 membros titulares e sete suplentes. O objetivo é investigar a denúncia de que o governo americano monitorou milhões de e-mails e telefonemas de cidadãos brasileiros.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), que propôs a apuração, afirmou que a CPI deverá investigar quais empresas de telecomunicação no país estariam colaborando com os Estados Unidos por meio de transferência de dados sigilosos e também avaliar medidas para aumentar a segurança da informação. "Nos dedicaremos ao estudo, ao conhecimento do grau de segurança do nosso país em relação a essas interceptações", disse a senadora.
Segundo o jornalista Glenn Greenwald, que revelou o esquema de espionagem norte-americano, com base em dados vazados pelo ex-técnico da Agência de Segurança Americana (NSA) Edward Snowden,o Brasil seria um dos países mais vigiados, com cerca de 70 mil pessoas envolvidas no esquema.