Uma pesquisa realizada pela Pinpoint, especialista em gestão de redes e segurança, mostra o que deve ser levado em consideração ao migrar de uma rede Multiprotocol Label Switching (MPLS) para uma Software Defined-Wide Area Network (SD-WAN), que tem como premissa a máxima disponibilidade de links com gestão de ativos variados para melhor redundância. Com a digitalização cada vez maior dos negócios, essa opção de rede se mostra como a que traz mais resultados para os negócios, em se tratando de performance, conectividade e segurança.
"Depois de migrar às pressas operações inteiras para o ambiente digital, no início da pandemia, as empresas estão revendo seu ambiente de TI e isso inclui a estrutura da rede. É crucial, portanto, entender qual é a solução mais custo efetiva, sem pegadinhas", afirma Artur Araújo, diretor de Produtos da Pinpoint. Por isso, garantir um acesso rápido, seguro e com alto nível de adaptabilidade é um dos maiores desafios. Nesse contexto, a migração de redes MPLS para uma estrutura baseada em links IP/SD-WAN tem se popularizado no Brasil.
O SD-WAN é quando uma rede WAN é controlada por uma estrutura de software centralizada, ou seja, quando há a automatização do controle da redundância de links de dados. Essa tecnologia de conectividade de rede proporciona alto desempenho a um custo muito atrativo considerando melhor capacidade de banda larga, mais flexibilidade no uso da internet, que passa a ser gerenciada sob demanda e maior controle de acesso à rede. Ela tem se mostrado a melhor solução para corporações que geram grandes volumes de dados sigilosos, como o setor financeiro, por exemplo.
A pesquisa
Um estudo realizado com 10 empresas, entre clientes e não clientes da Pinpoint, envolvendo diversas verticais de negócios e regiões do Brasil, analisou o desempenho de 400 links MPLS e 700 links IP/Internet ao longo de seis meses. O objetivo foi entender qual é o impacto e as vantagens da migração de tecnologias de redes.
A Pinpoint comparou uma estrutura com um link MPLS contra uma de dois links IP, rodando sobre uma estrutura SD-WAN (fabricantes padrões de mercado).
O resultado mostra que a disponibilidade foi semelhante, mas a dedicação da Central de Operações de Rede (NOC), é um ponto importante a ser considerado em alguns casos. Ficou claro na análise que o esforço (horas trabalhadas sobre o tema) de analistas de NOC aumentou de três a cinco vezes, dependendo da estrutura de sustentação desses links. Em alguns casos, onde não havia ociosidade considerável, foi necessário a contratação de novos analistas de NOC. Isso mostra que nem sempre adianta fechar pacotes padrão com operadoras, por exemplo, sem dimensionar equipe e considerar a terceirização como opção muitas vezes mais vantajosa.
Em resumo, estes foram os pontos relevantes:
A disponibilidade entre os dois modelos (1 MPLS versus 2 links IP/Internet em redundância) foi superior a 99,5%, variando mês a mês, estatisticamente, o melhor desempenho.
Houve um desvio considerável no número de eventos de quedas por link. Enquanto as redes MPLS registraram uma média de 1,36 eventos por mês por link, as redes IP/Internet apresentaram uma média de 3,95 eventos por mês por link. Quase três vezes o indicador para links MPLS.
Essa diferença na quantidade de eventos acontece porque, no caso da rede por IP, trabalha-se com mais de um link redundante. Ao passo que, no caso da MPLS, utiliza-se um link dedicado. De qualquer forma, isso não impactou consideravelmente na disponibilidade dos sites por causa do sistema/protocolo de redundância presente nos equipamentos de SD-WAN.
O MTTR, tempo médio de cada indisponibilidade de link, apresentou grande diferença entre os links IP e MPLS. Na rede MPLS, foi de 173 minutos enquanto nos links IP/Internet foi de 341 minutos, ou seja, praticamente o dobro.
Essa diferença na quantidade dos eventos e MTTR impactou diretamente no time de operações e sustentação dos ambientes. Por isso, houve maior esforço de analistas de NOC. Novamente, isso se deu pelo fato de na rede SD-WAN se trabalhar com mais de um link redundante.
Assim, é possível verificar que a disponibilidade entre os dois modelos é comparável. Para se atender um SLA mais agressivo em redes SD-WAN, como o conseguido com dois links MPLS redundantes, a recomendação é fazer uma busca por operadoras que entreguem em cada localidade um link de melhor qualidade (o que precisa ser analisado site a site e executado um processo contínuo de análise de qualidade), ou até mesmo trabalhar com três links IP/Internet independentes.
Por outro lado, a carga de trabalho do time do NOC até aqui mostrou-se um ponto importante a ser considerado nos planos de ROI (retorno de investimento) e OPEX (custo operacional) da rede. Se não levados claramente em consideração dentro do orçamento, podem gerar sobrecarga nas atividades do NOC. Com a escassez de analistas de TI e salários inflacionados, este aparece como um ponto crítico na análise de escolha da operadora e modelo de operação da rede.
Critérios
Foram definidos dois critérios principais para delimitar o estudo:
Apenas ambientes em que a gestão dos equipamentos SD-WAN não tenha sido terceirizada com a mesma operadora de Telecom fornecedora dos links.
E, com relação à disponibilidade e impacto na operação, não consideramos eventos com duração inferior a 5 minutos (considerada aqui como "flap"). Estes casos de "flaps", juntamente com análises de performance (tempo de resposta e jitter) serão ponderados em um próximo estudo de caso.
"Os achados mostram que o SD-WAN, quando implantado e administrado por profissionais especializados, é custo efetivo e permite muito mais do que a aparentemente resolutiva alta disponibilidade, mas uma operação mais equilibrada e preparada para os desafios do dia a dia", finaliza Araújo.