Como a IA pode conectar e ampliar o conhecimento humano?

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Em outro dia, em um encontro de trabalho que reunia altas lideranças, me peguei – por alguns minutos – admirando as mentes brilhantes daqueles que ali estavam. Eram saberes diversos, formados por repertórios únicos e que, ao se unirem em torno de um problema de negócio, se mostravam capazes das mais inovadoras e competentes soluções. 

A construção coletiva da inteligência sempre me fascinou. Matematicamente falando, as combinações entre o conhecimento e a capacidade de criação de um grupo de pessoas é quase infinita. Esse poder exponencial, até pouco tempo atrás, era algo etéreo, que pairava conceitualmente sobre os defensores do trabalho em equipe. Agora, porém, um universo de possibilidades se abre diante do crescente uso – e aprimoramento – da inteligência artificial. Já sabemos que a IA é capaz de armazenar dados e fatos e produzir conteúdo. Mas e se ela fosse capaz de reunir, conectar e amplificar o conhecimento que reside de forma individual em cada um de nós?

Você e eu, certamente, compartilhamos muitos conhecimentos. No entanto, é muito provável que nossa forma de usar esse conhecimento, explicá-lo e se relacionar com ele seja muito particular. Por quê? Porque somos pessoas diferentes, com repertórios e histórias de vida diferentes. Temos semelhanças em muitas coisas, mas nos diferenciamos em outras, formando um arcabouço de conhecimento único. 

Nessa complexidade reside nossa riqueza. Confesso que não sei se conseguiremos evoluir a ponto de a IA ser capaz de capturar a profundidade do ecossistema de conhecimento que somos capazes de desenvolver em nossas mentes. Mas seria muito interessante que pudesse chegar ao ponto de registrar parte dessas conexões. 

Ainda sem saber qual será o resultado desse processo, tenho investido continuamente em aprender mais sobre IA e neurociência e procuro trazer para o meu time especialistas que são capazes de me ajudar a criar soluções nesse sentido. 

Imagine como isso poderia nos ajudar a prever situações de risco e a desenvolver soluções. Indo além, permitiria que as companhias preservassem o capital intelectual construído coletivamente em um projeto complexo para que outros colaboradores partissem desses ganhos em novos projetos. 

Por isso, a IA pode se tornar uma aliada valiosa para os funcionários e as empresas, gerando um ambiente de trabalho mais produtivo, criativo e colaborativo. No entanto, é importante planejar e implementar esse recurso de forma estratégica, preservando aspectos éticos, como a transparência e a responsabilidade no uso dos dados. Dessa forma, é possível maximizar os benefícios da IA e aproveitar todo o potencial da conexão e ampliação do conhecimento humano.

Obviamente, quando chegamos a esse nível de reflexão, vem a pergunta: e como ficamos nós, os humanos? Poderemos ser substituídos? Ficaremos mais livres para nos relacionarmos interpessoalmente e para criarmos. Perderemos menos tempo nos tropeços e partiremos do aprendizado. Continuaremos errando, mas serão novos – e mais complexos – erros. Talvez isso nos leve a uma relação mais harmoniosa com o trabalho, conquistando mais tempo livre para o que, exatamente, nos torna únicos e indispensáveis: novas experiências e descobertas.

Washington Botelho, Presidente da JLL Work Dynamics para a América Latina.

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