O consumo consciente se popularizou nos últimos anos, tanto é que uma pesquisa da Nielsen mostrou que 42% das pessoas estão mudando hábitos de consumo para reduzir o impacto ao meio ambiente. Em busca de uma vida sustentável, estão dispostas a pagar até 10% a mais por produtos socialmente conscientes, de acordo com a Network for Business Sustainability (NBS). Os dados evidenciam a necessidade das empresas se adequarem a esta nova realidade, de forma a contribuírem para a preservação ambiental e sustentabilidade do planeta.
Para Dione Manetti, CEO da Pragma Soluções Sustentáveis, empresa engajada no desafio global de enfrentamento às mudanças climáticas, o consumo sustentável deve ser aplicado nas grandes corporações desde a base. Quando se fala no desenvolvimento de produtos, apostar em práticas que minimizem o uso de recursos naturais e gerem menos resíduos e poluição são essenciais.
"A tecnologia chega como uma grande aliada nessa questão, pois pode contribuir com a escolha de matérias-primas, otimizar o uso de água e reduzir a utilização de substâncias poluentes. A tecnologia também pode ajudar a aumentar a vida útil e a possibilidade de reutilização dos produtos , bem como sua reparação e manutenção", explica.
A escolha das embalagens dos produtos, também deve ser examinada com atenção. Além de um design ecológico, que considera durabilidade e reciclabilidade, é importante criar uma rotulagem com informações claras e transparentes, incluindo composição e impactos ambientais e sociais. Os certificados e selos que informam e tornam públicos os compromissos das empresas também colaboram para promover o engajamento do consumidor .
A pesquisa Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou que metade dos consumidores verifica se o produto foi produzido de forma ambientalmente sustentável. Isso mostra como é crucial as empresas revisarem as estratégias para atender os desejos da população ao passo que contribuem com um consumo consciente.
A atuação, no entanto, deve ir além, com medidas como, por exemplo, a implementação de sistemas de logística reversa para coletar, reparar, recondicionar, reciclar ou descartar adequadamente os itens no final da vida útil, o que promove a economia circular e reduz o desperdício e poluição.
"Precisamos pensar para além da cadeia de suprimentos tradicional. Por meio da logística reversa, as embalagens e os produtos descartados podem voltar ao ciclo produtivo, para serem reutilizados ou reciclados, prolongando a vida útil dos materiais utilizados e diminuindo a necessidade de fabricação de novos itens. Com a logística reversa, os materiais descartados são recuperados e enviados a centros de reciclagem, o que colabora para reduzir danos ambientais. Entre as maiores vantagens estão a menor emissão de gases do efeito estufa e a economia de recursos naturais", enfatiza o executivo.
Grandes empresas e o consumo consciente
Segundo Manetti, o consumo consciente e a logística reversa já são aplicados por grandes empresas brasileiras. A pesquisa inédita da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com executivos confirma o posicionamento do CEO da Pragma, já que destaca que a sustentabilidade faz cada vez mais parte da estrutura organizacional da indústria brasileira, onde seis em cada 10 empresas têm área dedicada ao tema.
A Ypê, uma das maiores fabricantes de produtos de higiene e limpeza do Brasil, por exemplo, aderiu ao Programa Recupera, uma iniciativa de logística reversa estruturante desenvolvida pela Pragma, que garantirá a recuperação de embalagens em quantidade proporcional a linha Ypê Green da empresa colocada no mercado. O escopo contempla a emissão do Certificado de Estruturação e Reciclagem de Embalagens em Geral, que comprova a retirada da mesma massa da Linha Green colocadas no mercado.
Outras ações das grandes empresas incluem parcerias em prol da conscientização, com apoio a ONGs; iniciativas de educação ambiental voltada a consumidores; campanhas de incentivo a atitudes mais sustentáveis; e também relatórios de sustentabilidade, que têm como objetivo divulgar práticas e promover avaliação do desempenho ambiental e social em uma prestação de contas corporativa completa.
O consumo consciente é uma tendência e deve ser uma pauta de atenção. "Estar atento a essa realidade contribui para a imagem da empresa como um todo – criando colaboradores orgulhosos da organização que pertencem, conquistando ainda mais clientes e, por fim, atraindo investidores", conclui.