Quando as pessoas pagam suas contas utilizando tecnologias móveis, o banco nem sempre está envolvido na transação. Os novos serviços — de provedores de serviços móveis a comerciantes virtuais — estão entrando no mercado e forçando o setor financeiro a agir. O crescente ecossistema de pagamentos móveis está impactando diretamente nos desenvolvimentos que estão sendo produzidos no setor bancário.
Em muitos casos, quando as pessoas estão fora de casa e não querem utilizar dinheiro, elas não precisam mais depender de cartões de crédito ou débito. Em vez disso, existe agora um grande número de opções de pagamento que contornam completamente o banco tradicional. Essas opções incluem sistemas de carteiras eletrônicas, cartões virtuais, soluções de pagamento in-app e sistemas de faturamento direto, que permitem o pagamento por meio de dispositivos móveis. Um efeito colateral isso é que o monopólio que as instituições financeiras vêm mantendo há tempos sobre as questões relacionadas ao pagamento irá diminuir caso não haja uma reação imediata.
A tendência de pagamento móvel é ao mesmo tempo um desafio e uma oportunidade para os fornecedores de serviços financeiros. Além de acompanhar de perto a evolução do mercado, os bancos devem atualizar continuamente suas operações de telefonia móvel para atender às necessidades específicas de seus clientes. Em particular, a "experiência do usuário" será fundamental para aceitação e confiança. O primeiro passo nesse processo será convencer os clientes a se envolverem ativamente em transações móveis.
Além disso, os prestadores de serviços financeiros precisam pensar "fora da caixa" e estar atentos para encontrar os parceiros de desenvolvimento de varejo adequados. Soluções de pagamento móvel comercializadas em parceria têm mais impacto e podem abrir portas para mais oportunidades de negócios.
De acordo com a KPMG, mais de US$ 1 trilhão deverão ser investidos em soluções de pagamento móvel até 2015. Como resultado, mais e mais fornecedores de serviços financeiros estão expandindo suas operações de pagamento móvel. Os bancos, porém, devido às suas estreitas e antigas relações com os clientes, têm a vantagem da credibilidade em relação aos concorrentes de fora da indústria financeira. E eles devem começar a tirar o máximo partido disso, e o mais rápido possível. As melhores oportunidades estão abertas especialmente para as empresas que conseguirem combinar o pagamento móvel com soluções de big data. A enorme quantidade de informações disponíveis, que envolvem os dados sobre os clientes, poderão ser analisadas em tempo real e usadas para fornecer recomendações instantâneas.
A segurança de dados também é importante ponto de atenção para os clientes das instituições financeiras. Soluções como o NFC-TAN, um processo de autenticação, e um protótipo de voz biométrica trazem um grande aumento na segurança. As duas aplicações usam dois canais separados de transferência de dados para afastar Trojans — um requisito fundamental para os usuários.
É necessário examinar a eficácia de todas as estratégias em termos de mobilidade e definir as novas regras do jogo. Os conceitos e tecnologias utilizadas em pagamentos móveis são conhecidos há anos. No entanto, é certo que os grandes bancos e empresas de telecomunicações têm falhado em liderar esse novo mercado. O importante agora é que, frente a este novo cenário, os bancos obtenham um papel importante nos serviços de pagamento móvel.
*Marco Santos é diretor geral da GFT Brasil, empresa de tecnologia da informação especializada no setor financeiro.