Tudo que é muito desejado causa inveja em muitos, tirando o grupo de pessoas que olham para o gerente de projetos como um Deus e não sabem o que é o seu dia a dia, talvez todos os outros tenham motivos para nutrir um sentimento que as vezes beira o ódio.
A relação com os gerentes operacionais nunca foi das melhores, tornou-se pior quando a notoriedade adquirida pelos gerentes de projetos junto a diretoria do cliente e da própria empresa tomou proporções gigantescas, isso porque não é raro o resultado do projeto mudar a vida do cliente e seu lucro a saúde financeira da sua empresa, certamente o que mais causa ódio aos operacionais é que eles só são lembrados quando algum problema acontece.
Os chefes e diretores tem um verdadeiro sentimento bipolar pelos GPs, se o projeto está dentro da margem e o cliente não tem nenhuma reclamação, nem reunião de acompanhamento de projetos acontece, porém é só o projeto baixar a margem ou o telefone do diretor tocar com alguma reclamação, inúmeras reuniões para a elaboração de planos de ação são realizadas e o GP é sem dúvida o grande culpado.
Para o cliente, o GP é sempre a entidade que vaga pelos corredores da empresa, nunca tem informações precisas, sempre tem que consultar o cronograma e jamais aceita de pronto uma mudança sem questionar se ela está ou não no escopo do projeto.
Seus liderados são os eternos carentes e injustiçados, na maioria das vezes alocados por empréstimo sonham em conseguir todos os cursos, gratificações e quem sabe uma promoção, não raro ficarem frustrados com a abordagem, o GP inevitavelmente argumenta que a margem está justa e que não tem dinheiro.
Semelhante ao sentimento dos diretores e chefes os pares dos gerentes de projetos oscilam entre o sentimento de pena e o de ódio, quando seu colega está com um projeto deficitário, problemático e sem nenhuma visibilidade, todos têm pena, e alguns ainda tripudiam: se ele fosse bom estaria tocando projetos relevantes.
Agora quando o gerente de projetos está a frente de um projeto gigantesco com grande visibilidade e notoriedade, seus pares não se aguentam de tanta inveja, na sua frente soltam frases como: "olha o maior PIB da empresa", porém quando estão por traz o questionamento da sua capacidade é palavra de ordem.
Certamente nenhum sentimento acima atinge tão fortemente o gerente de projetos quanto os comentários e considerações de seu companheiro ou companheira, quando verbalizam que ele não consegue fazer nada nem ir ao banheiro sem um planejamento, escopo, cronograma e claro tudo isso com o acompanhando detalhado dos custos.
Alberto Parada, co-fundador do Descomplicado Carreiras (Sistema de orientação de carreira), Colunista e Palestrante especializado em carreiras, atua há mais de 25 anos como executivo no mercado de tecnologia em empresas como: Sênior, IBM, Capgemini, Fidelity, Banespa, e mais de 12 anos como Professor Universitário no Lassu-USP FAAP e FIAP. Formação em administração de empresas e análise de sistemas, com especialização em gerenciamento de projetos e mestrando em Gestão de Negócios pela FIA, voluntário no HEFC hospital de retaguarda para portadores de Câncer.
O propósito do artigo é dizer que a natureza humana é uma porcaria? Que GPs são injustiçados? Presidentes, diretores, vendedores e coordenadores poderiam ser citados da mesma maneira, todos que são criticados ou invejados poderiam… Concordo que seria possível uma análise comportamental para esse cenário, porém penso que o artigo passou longe.