Felizmente, nos últimos anos, a discussão acerca da segurança dos dados armazenados pelas organizações tem ocupado um largo espaço no cenário empresarial do país. Embora seja possível visualizar um contexto em que ainda há muito o que se aprimorar em termos de estrutura de TI e solidez no fluxo de informações, nunca se teve tantas alternativas factíveis no mercado para se reverter essa situação reconhecidamente prejudicial para todos. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), por exemplo, foi uma consequência direta dessa tendência irreversível e representou um desejo por mais transparência e privacidade da população no âmbito legal.
Se por um lado, preparar o terreno organizacional para absorver a LGPD é um dos objetivos mais importantes por trás dessa movimentação inovadora, a adoção de uma abordagem estratégica sobre a área de TI provoca um impacto positivo sobre a empresa como um todo, no que acaba se configurando em um diferencial competitivo extremamente bem-vindo. Para responder à pergunta que intitula esse artigo, devemos considerar a abrangência do tema nos dias de hoje.
Permanecer no passado pode ser um erro fatal
A tecnologia simplifica e otimiza processos, transformando radicalmente o cotidiano operacional das empresas. Entre tantas contribuições que justificam o investimento em soluções de automação, além de um enfoque recorrente na necessidade de se aderir ao avanço tecnológico, como explicar o nível elevado de organizações que ainda apoiam suas atividades em sistemas manuais? Nesse sentido, o caminho para a conscientização não é condenar os que permanecem alheios à inovação, mas conceder um olhar objetivo sobre os motivos para se deixar esse passado para trás.
Existem pensamentos equivocados quanto ao verdadeiro propósito da digitalização que ajudam a fomentar um certo receio para deixar a zona de conforto e potencializar as operações internas. Trazendo o debate para a segurança da informação, essa falta de sintonia com a novidade pode colocar em cheque a saúde fiscal e financeira das empresas. A questão deixa o aspecto secundário e passa a habitar uma preponderância inquestionável em relação à continuidade dos negócios. Querendo ou não, os dados centralizam um protagonismo determinante em termos de posicionamento e destaque ante o público consumidor.
LGPD é estopim para mudanças
Pela dimensão e o caráter de obrigatoriedade imposto pela LGPD, trata-se de um grande ponto de ignição para que as empresas brasileiras encarem a integridade dos dados com mais empenho e seriedade. No entanto, outros elementos que também compartilham esse imediatismo devem ser considerados por parte dos gestores. Se a tecnologia apresenta um estágio de constante evolução e aprimoramento, os métodos de ataques virtuais não ficam atrás e se adequam à situação operacional demonstrada pelo alvo.
Um levantamento realizado pela Kaspersky trouxe informações que comprovam a gravidade do quadro. Segundo a pesquisa, durante a pandemia, mais da metade de ataques domésticos e que visavam empresas na América Latina ocorreram no Brasil. Isso coloca o país na liderança do ranking de ciberataques na região do continente americano. Após essa contextualização, fica difícil ignorar a importância de se construir uma cultura corporativa suportada pela cibersegurança, medida que pavimenta a estabilidade do fluxo de dados.
Segurança dos dados valoriza o papel humano
No início do artigo, destaquei a amplitude do tema e como a segurança da informação beneficia a gestão empresarial em sua totalidade. Além de assegurar a automatização de processos que antes ocupariam o tempo hábil de profissionais, a presença da máquina no ambiente de trabalho atua como uma espécie de conciliadora, servindo de pretexto para que os líderes encaminhem os colaboradores para tarefas mais subjetivas e estratégicas, respeitando todas as capacidades individuais. Logo, os ganhos de produtividade e engajamento resultantes dessa condição podem refletir em mais tranquilidade para que as equipes exerçam suas funções.
Em resumo, preservar a integridade dos dados é sinônimo de colocar a valorização das pessoas no topo da lista de prioridades. As informações, a exemplo do texto previsto na LGPD, pertencem à figura humana, seja no aspecto interno ou voltado para os clientes. E é missão fundamental de todas as empresas firmar um compromisso em resposta à uma demanda mundial por mais consentimento e segurança.
Luiz Penha, co-founder e COO da Nextcode.