Se no nosso dia a dia, ter acesso a informações em tempo real, disponíveis num aparelho móvel, conectado à internet e em qualquer local já é algo comum, para o mundo corporativo o cenário deveria ser igual. No entanto, ainda é possível observar empresas que utilizam pilhas de papéis e ferramentas ultrapassadas para comandar operações rotineiras.
Nesse sentido, o sistema de gestão empresarial ou ERP (sigla para Enterprise Resource Planning) pode servir não só como uma porta de entrada para a transformação digital de muitas companhias, mas também como o alicerce de um ecossistema que passa a se integrar com a gestão empresarial. E, se por acaso você ouviu a fake news de que "o ERP está morrendo" ou virando uma ferramenta desnecessária, desconsidere. A realidade é justamente o contrário: ele vem se transformando muito ao longo dos anos, evoluindo constantemente e se tornando cada vez mais essencial para quem deseja escalar os negócios.
Em linhas gerais, o tal ERP pode até parecer "cringe", mas é fundamental para qualquer negócio, e continuará sendo. É o tipo de sistema que tem como objetivo básico centralizar e organizar informações, facilitando a comunicação entre setores, além de favorecer as análises de dados e auxiliar na tomada de decisões com informações em tempo real. Com isso, é possível aumentar a produtividade em diversas áreas e ainda incrementar os negócios quando somado às estratégias das empresas. Você já ouviu falar em alguma empresa que abriu IPO e não tem um sistema de gestão?
Parece óbvio dizer que uma tecnologia isolada entrega um resultado 'X' e que diferentes tecnologias combinadas podem entregar mais que '2X'. Mas essa é a mais pura verdade. A evolução do ERP também é um bom exemplo a ser observado, que começou há mais de 100 anos voltado apenas para os processos de manufatura e que, ao longo dos anos, depois de diversas evoluções, passou a ser requisito básico para uma gestão precisa e produtiva de todos os negócios, independente do setor ou porte da empresa.
E as inovações não param. O modelo de contratação on premise, que demanda um custo maior para a contratação e uma infraestrutura maior para instalação e aplicação nas empresas, abriu espaço para a disponibilização de ERPs em nuvem, podendo ser contratados no modelo de assinatura mensal, como software as a service (SaaS). Com a união da nuvem ao sistema, os fornecedores de tecnologia conseguem proporcionar ainda mais upgrades de desenvolvimento, disponibilizando de forma mais rápida e segura todas as novidades para o cliente.
Segundo uma pesquisa feita pela consultoria IDC Brasil, empresas investiram R$ 14 bilhões em softwares de ERP em 2020, registrando uma alta de 25% em relação ao ano anterior. O estudo também mostra o crescimento da adoção de outras tecnologias, como a utilização de computação em nuvem, CRM, inteligência artificial e outras ferramentas colaborativas. Assim, notamos que, de fato, a utilização de uma ferramenta única não é o caminho para a transformação digital, mas sim a integração de soluções que faz a diferença no todo.
Agora, você realmente acha que é possível ter um negócio forte no mercado, com alto nível de governança, processos administrativos bem estruturados, entregas fiscais em dia, visão correta do fluxo de caixa, sem um ERP? A minha dica é: esteja sempre disposto a conhecer e adotar novas tecnologias, mas nunca esqueça da fonte única dos dados (mais conhecida como single source of truth) o ERP.
Marcelo Cosentino, vice-presidente de Segmentos da TOTVS.