Estudo identifica retração da presença das mulheres no universo das TICs

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Apesar do reconhecimento cada vez maior da relevância da diversidade nas organizações e nas atividades econômicas, a participação das mulheres nos setores de telecomunicações e tecnologia da informação tem diminuído nos últimos anos. Esta é uma das constatações do estudo "W-Tech" realizado pelo Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da entidade.

Utilizando os dados disponíveis na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o levantamento da Softex teve por objetivo constatar o atual estágio da presença feminina no universo das TICs apurando no período de 2015 a 2019 a evolução da participação por gênero, a diferença da remuneração entre homens e mulheres e um possível impacto desencadeado pela pandemia.

Embora estimativa do IBGE (2022) indique que o Brasil possui uma população de 214,3 milhões de pessoas, sendo 51,13% predominantemente composta por mulheres e 24% por jovens adultos de 25 a 39 anos, esta distribuição equilibrada não se verifica nas atividades econômicas constituídas pelos setores de telecomunicações, tecnologia da informação, conteúdo e mídia.

Entre os anos de 2015 e 2019, de acordo com a RAIS, houve redução de 2,1% no número de trabalhadoras em Informação e Comunicação, o que encolheu a participação feminina de 38,1% para 35,6%. Em Telecomunicações essa diminuição foi ainda mais intensa: queda de 3%.

Segundo o Novo CAGED (2021), os serviços de Informação e Comunicação responderam por 1,05 milhão de trabalhadores formais no mercado em 2021 , mantendo o crescimento consistente desde o início da série histórica (2007), com um aumento de 12,7% em 2021 em relação a 2020. De acordo com a RAIS, pouco mais de um terço (35,6%) dos empregados desse segmento era formado por mulheres. No estudo, foram destacados três subsegmentos: atividades de prestação de serviços de informação, Telecomunicações e atividades dos serviços de tecnologia da informação, que juntos responderam por mais de 85,5% dos trabalhadores desse mercado no ano passado.

A pandemia do COVID-19 também aumentou o gap entre os dois gêneros. "As mulheres nas áreas de ciência e engenharia relataram ter sido afetadas de forma desproporcional, com a diminuição de pelo menos 5% no tempo de pesquisa em comparação com os homens, acentuando o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional", pondera Ana Vitória, lembrando que em decorrência da pandemia, o Global Gender Gap Report 2021 concluiu que o tempo que levará para fechar a lacuna de gênero em todo o mundo aumentou, em apenas uma geração, de 99,5 para 135,6 anos.

Outro dado que chama a atenção diz respeito às mulheres que atuam em ciência e tecnologia. Elas têm menos probabilidade do que os homens em acessar financiamentos, sendo que as startups lideradas por elas receberam apenas 2,3% do capital de risco em 2020, de acordo com a Harvard Business Review.

O trabalho enfatiza ainda a importância da promoção de esforços nos níveis governamental, acadêmico e corporativo para lidar com esse desequilíbrio de gênero.

Em sua conclusão, o levantamento do Observatório Softex pondera que somado ao desequilíbrio de espaço entre mulheres e homens na economia da informação, promover a atração feminina – desde a academia – para esse mercado também apoiará a solução da escassez de talentos em ciências, tecnologias, engenharias e matemática frente a demanda do mercado, assim como amenizará a homogeneidade dos profissionais de TIC, que exibe baixa absorção de mulheres, PCDs e pessoas não brancas.

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