Quem será o deus dos deuses? O controle da Inteligência Artificial

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Zeus, além de ser uma divindade na mitologia grega,  é considerado o rei dos deuses. Para cumprir uma profecia, liderou uma revolta contra seus pais, Cronos e Reia, e como vingança a Cronos por ter engolido seus irmãos o aprisionou no Tártaro, um profundo abismo, tornando-se o governante dos deuses.

Para mim, esta estória serve como metáfora para falar sobre o relacionamento entre seres humanos e a Inteligência Artificial (IA). Nós, os reis da terra, que cuspimos da água que bebemos, estamos criando o deus dos deuses que, por sua vez, nos derrotará supostamente para o nosso próprio bem. 

Acontece que muito antes da IA ter o poder para controlar a sociedade, os autoritários, totalitários, despóticos e autocráticos irão eventualmente tentar assumir o controle, para que nos bastidores possam manipular as massas. 

Adolf Hitler, na Alemanha nazista, e Joseph Stalin, na União Soviética, são exemplos icônicos de líderes totalitários que usaram propaganda, censura e violência estatal para controlar e manipular suas populações. Hitler usou o poder do discurso e da propaganda para inflamar sentimentos nacionalistas e raciais, levando aos horrores indescritíveis do Holocausto. 

Stalin, por sua vez, implementou políticas de "purificação" e repressões que resultaram no Grande Expurgo, sucedido da morte e do sofrimento de milhões de pessoas. Em contextos menos extremos, mas não menos preocupantes, líderes autoritários e autocráticos, como Mussolini na Itália e Franco na Espanha, exerceram um controle firme sobre seus países, limitando liberdades civis e sufocando a oposição política. 

Esses líderes manipularam as massas usando uma combinação de medo, propaganda e controle de informação, moldando a realidade à imagem de suas ideologias e ambições de poder. O que poderiam fazer se controlassem algo tão poderoso como a IA? 

Veja a ascensão das redes sociais acompanhada por uma crescente preocupação com a disseminação de desinformação, polarização e manipulação online. As plataformas de redes sociais utilizam IA para personalizar o conteúdo que vemos, criando um "filtro de bolha", que pode reforçar nossas crenças preexistentes e nos isolar de opiniões diferentes. Exemplos notáveis incluem a disseminação de notícias falsas e a manipulação de eleições políticas como visto no escândalo da Cambridge Analytica.

É impossível ignorar a metade cheia do copo. A IA, na minha opinião, trará nas próximas décadas o maior crescimento econômico já visto em toda história humana. Educação, saúde, transporte, agricultura, segurança pública, meio ambiente, varejo, manufatura e automação industrial, entretenimento e mídia, energia, finanças, pesquisa científica, serviços públicos e governamentais, entre outros terão melhorias fenomenais, resultando em qualidade de vida para todos nós.

Mas como ficar com o bom e neutralizar o ruim?. A solução por si só é uma grande oportunidade de negócios, e eu explico.

Transparência através de Metadados: parecido a caixa preta do avião que contém os micro-detalhes das informações do voo para conseguir decifrar o que deu errado para o acidente ter acontecido, metadados detalhados poderão ser usados para analisar o que levou a IA a chegar em um determinado resultado, assim criando um mecanismo para ser avaliado, críticado e finalmente aprimorado. 

Auditoria: da mesma forma que empresas abertas contam com auditorias externas para limitar fraudes e incentivar melhores práticas de gestão, empresas de Inteligência Artificial, por exemplo, com mais de 1 bilhão de dólares de receita, terão que passar por avaliações periódicas através da externalização dos metadados. O uso de IA para limitar a liberdade individual deve ser constitucionalmente proibida, a não ser que esta liberdade esteja sendo usada para prejudicar a outrem. 

Conscientização Pública e Educação: a população deve entender o que é IA, onde ela é usada, seu impacto na nossa vida cotidiana, e como interpretar suas recomendações e influência.

Na história da sociedade, aprendemos que os humanos passam soluções como novos problemas para as próximas gerações. Também descobrimos o como é difícil mudar uma sociedade já existente. Este é o caso das redes sociais, plásticos descartáveis e combustíveis fósseis. No entanto, podemos desta vez fazer diferente. Cronos deveria ter escutado as profecias e mudado sua atitude, e talvez desta forma não teria sido preso por sua própria criação.

Daniel R. Schnaider,  jornalista e CEO da Platform Capital.

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