A fim de potencializar o sucesso de um negócio, empreendedores e gestores vêm reinventando estratégias para ampliar sua competitividade e destaque no mercado. Nesse contexto, tem ganhado destaque a prática de Inovação Aberta, um conceito criado em 2003 por Henry Chesbrough, renomado professor americano, conceituando-a como um paradigma que assume que empresas devem utilizar não só ideias, recursos e caminhos internos, como também externos, para que possam avançar de forma mais assertiva na proposição de novas tecnologias e inovações.
Ou seja, ao invés de depender exclusivamente dos recursos internos, a organização busca parcerias para desenvolver projetos de inovação, adicionando ideias, tecnologias, recursos, expertise e rapidez no processo de inovação. A estratégia, além de levar soluções robustas ao mercado de modo mais rápido, aumenta o retorno financeiro e, consequentemente, a relevância da instituição no mercado.
Após avançar nos seus estudos por quase 10 anos, em 2012, Chesbrough afirmou que a inovação aberta pode se dar de duas formas: de fora para dentro, quando uma empresa abre seus processos de inovação a contribuições externas; ou de dentro para fora, quando uma organização permite com que novas ideias internas sejam externalizadas, e então utilizadas por outros atores.
Cada vez mais, organizações ao redor do mundo apostam no potencial da inovação como uma estratégia organizacional, criando processos de colaboração externa por meio de de parcerias formais, como alianças estratégicas ou joint ventures, ou a partir de plataformas online que facilitam a conexão entre empresas e inovadores externos. Com essas iniciativas, é possível compartilhar os riscos e custos da inovação com parceiros externos, o que ajuda as empresas a reduzirem a pressão sobre seus recursos internos e a mitigar os riscos associados ao desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.
Assim, a inovação aberta permite com que as empresas sejam mais ágeis e flexíveis em sua abordagem à inovação. Ao invés de depender exclusivamente de seus próprios recursos e processos internos, as empresas podem adaptar rapidamente suas estratégias de inovação conforme as necessidades do mercado mudam, aproveitando as capacidades e recursos disponíveis externamente.
Cultura de Inovação Aberta
No Brasil, a Inovação Aberta ainda é um desafio para boa parte das empresas e multinacionais que operam em território nacional. Isso acontece uma vez que investir ou se associar a uma startup implica em complexidades culturais, organizacionais e processuais. Mesmo assim, o país segue avançando nesse tema.
Para se ter uma ideia, o Ranking TOP Open Corps – estudo que mapeia o envolvimento de grandes empresas com startups e ecossistemas de inovação registrou – em 2023, identificou um total de R$6,4 bilhões em contratos de companhias relacionadas à inovação aberta, acumulando 54 mil parcerias. Esse valor é mais que o dobro do registrado no ano anterior – R$2,7 bilhões.
Vale reforçar que, ainda que os desafios sejam complexos, a Inovação Aberta fortalece uma cultura de inovação dentro das empresas, incentivando os colaboradores a buscar ativamente oportunidades de colaboração e a compartilhar ideias com parceiros externos. Isso leva a uma maior criatividade, engajamento, desafios e satisfação no ambiente de trabalho.
Por que investir em Inovação Aberta?
No geral, a inovação aberta é uma abordagem poderosa que pode ajudar as empresas a permanecerem competitivas em um ambiente de negócios em constante mudança, permitindo-lhes acessar uma ampla gama de recursos e expertise externos para impulsionar a inovação e o crescimento. Ela gera uma série de benefícios às organizações, tais quais: estímulo ao networking, acesso a novas ideias e redução de tempo, custos e riscos para inovar e aumento do retorno sobre o investimento (ROI).
Por fim, é importante destacar que, ao abrir as fronteiras da organização para colaborações externas, elas podem acessar uma ampla gama de perspectivas, conhecimentos e habilidades que podem não estar disponíveis internamente. Isso ajuda a levar soluções mais criativas e inovadoras para problemas complexos, impactando e desafiando o mercado como um todo.
Camila Alves, gestora de Comunidade e Eventos do Hub InovAtiva pela Fundação CERTI.