A China proibiu o uso por órgãos do governo de softwares de segurança da Symantec e Kaspersky, o que, se confirmado, representará um duro golpe para as empresas que têm lutado muito para expandir as vendas no maior mercado do mundo.
Segundo o The Guardian, o Centro de Compras do Governo Central emitiu um comunicado com a lista de fornecedores de software de segurança, estabelecendo que o Estado só pode comprar programas antivírus de fornecedores chineses.
A decisão de bloquear o uso de software da americana Symantec e da fabricante russa Kaspersky veio à tona após o anúncio no feed de notícias no idioma em inglês do Twitter do jornal estatal Diário do Povo. A retirada das duas fabricantes da lista de fornecedores autorizados significa que nenhum funcionário, do vasto aparato estatal chinês, que emprega cerca de 10 milhões de pessoas, pode adquirir software de segurança das duas empresas.
Procuradas pelo jornal britânico, as empresas disseram que não foram informadas oficialmente da decisão. A Kaspersky ressaltou que "não há evidência" de que seus produtos foram "proibidos" pelo governo chinês.
"O Centro de Compras do Governo Central rescindiu temporariamente as autenticações de todos os fornecedores de software de segurança externos, deixando apenas fornecedores chineses na lista de aprovados", disse a empresa em um comunicado. "No entanto, esta restrição só se aplica a instituições federais, cujos gastos provêm do orçamento de compras do governo central, e não inclui os governos regionais ou grandes empresas. Estamos investigando e buscando nos informar com as autoridades chinesas sobre este assunto. É prematuro entrar em qualquer detalhe adicional neste momento."
A Symantec, por seu lado, disse, também por meio de um comunicado, que "está ciente de relatos da mídia sobre a empresa não constar mais na lista de fornecedores de antivírus autorizados do governo da China". "Enquanto nós estamos buscando nos informar sobre este relatório, gostaríamos de esclarecer que a Symantec continua a participar de licitações em projetos do governo chinês", acrescenta o comunicado. "A China é um dos nossos mercados internacionais mais importantes e estamos comprometidos com o governo local e os clientes. Temos sido ativos no país há mais de 15 anos, por meio de nove escritórios diferentes. Temos investido significativamente na China e estamos expandindo nosso desenvolvimento de produtos no país."
Relações tensas
A relação entre a China e as empresas de tecnologia estrangeiras tem sido tensas desde vieram à tona as denúncias do ex-analista da Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA), Edward Snowden, da existência de um programa de espionagem em massa das comunicações do governo em nível internacional.
"Este é apenas mais um capítulo na deterioração das relações entre os EUA e a China, devido a questões de segurança/espionagem, segundo documentos vazados por Snowden", disse o analista Andrew Brown, da Strategy Analytics. "Não deveria ser uma surpresa que os chineses quiram manter sua própria segurança 'in-house'."
Po ter contribuído também para azedar ainda mais o relacionamento com as empreas americanas a revelação recente de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos espionou os servidores da Huawei, em sua sede de Shenzhen, na China, para obter informações sobre as operações da empresa, além de controlar as comunicações de seus diretores.