Concessão de incentivos fiscais à Apple pela Irlanda pode se transformar em batalha legal

0

Após mais de um ano de discussões, e sem chegarem a um acordo, a Comissão Europeia e o governo da Irlanda devem levar o caso sobre a concessão de incentivos fiscais aos tribunais. Desde o ano passado, o órgão antitruste da União Europeia vem investigando o país por suspeitas de irregularidades na concessão desses incentivos, principalmente a empresas de tecnologia norte-americanas, que instalaram suas sedes internacionais na Irlanda.

Em uma dessas investigações, as autoridades europeias detectaram indícios de favorecimento nas relações tributárias do governo irlandês com a Apple, de acordo com uma pessoa com conhecimento no assunto disse à Bloomberg News. A Irlanda tem usado suas estratégias fiscais e a regulamentação flexível para atrair grandes multinacionais, em troca de empregos que poderiam acabar em outros países do bloco econômico. E é justamente contra qualquer "retaliação" que o governo da Irlanda promete lutar no Tribunal de Justiça da União Europeia.

Os resultados preliminares da investigação, segundo autoridades antitruste, apontam que o regime fiscal da Apple foi indevidamente projetado para dar a fabricante do iPhone um impulso financeiro em troca da geração de empregos no país. Em 2013, a Apple disse que tinha pagado uma taxa efetiva de menos de 2% à Irlanda ao longo dos últimos dez anos.

O inquérito da União Europeia ocorre em meio a uma ofensiva das autoridades contra concessões fiscais a corporações estrangeiras. A Comissão Europeia estima que o prejuízo causado pela evasão e a fraude fiscais na região chegue a 1 trilhão de euros (o correspondente a US$ 1,11 trilhão) por ano.

No pior cenário, no caso de um litígio na Justiça e de derrota, o governo em Dublin seria forçado a recuperar US$ 19 bilhões em renúncia fiscal dada à empresa, de acordo com o analista Rod Hall, do JP Morgan Chase & Co.

"As conclusões preliminares da Comissão parecem ser bastante robustas", disse Marco Hickey, chefe para concorrência e mercados regulamentados do escritório de advocacia irlandês LK Shields, que não está envolvido no caso. "Com base nisso, parece que eles [as autoridades] estão mais atentos, e não renunciariam em tomar uma decisão final negativa contra a Irlanda."

No ano passado, a Apple disse não usa "truques fiscais", mas se recursou a comentar sobre a possível descoberta de irregularidades pela Comissão Europeia — o órgão regulador também não quis falar sobre o assunto, enquanto ministro das Finanças da Irlanda disse que, como não havia sido tomada uma decisão, não comentaria, segundo a agência de notícias.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.