O mercado imobiliário apresentava certa resistência ao uso da tecnologia em sua operação. Entretanto, nos últimos anos esse cenário evoluiu. A transformação digital do setor permitiu que as empresas deste mercado pudessem alcançar resultados bem mais relevantes em seus negócios.
Neste cenário, surgiram as proptechs. Tratam-se de startups que atuam em diferentes pontas do mercado imobiliário. Isso envolve trabalhos que facilitam a rotina de incorporadoras (como na escolha de terrenos para construção de condomínios) até o público final (na entrega das chaves).
As mudanças promovidas pelas proptechs vão muito além de digitalizar rotinas. A entrada desses empreendimentos inovadores, que aliam inteligência artificial e dados, causou um impacto positivo no setor.
Aquecimento do mercado imobiliário
Mesmo com a pandemia da Covid-19, o mercado imobiliário registrou um desempenho favorável nos últimos meses. Na cidade de São Paulo, por exemplo, o número de transações durante o primeiro semestre deste ano e do ano passado foi maior que os seis primeiros meses registrados entre os anos de 2016 e 2019.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (SECOVI-SP), 47 mil novos imóveis foram vendidos no primeiro semestre deste ano e de 2020 na capital paulista.
Esse aquecimento do mercado imobiliário, favorecido pela política de taxas de juros, causa uma "pressão" para que as incorporadoras atinjam os melhores indicadores. E é aí que as proptechs entram em cena para atuarem como aliadas em inteligência imobiliária das construtoras.
Há soluções no mercado que oferecem um acompanhamento completo para as incorporadoras imobiliárias. Isto vai desde a análise do melhor terreno para a construção do empreendimento até a entrega das chaves dos Imóveis. Nessas plataformas, também é possível obter análises do mercado e até mesmo previsões sobre qual será o seu retorno ao fim da obra.
Crescimento das proptechs
De acordo com o mapeamento de construtechs e proptechs da Terracotta Ventures, houve um crescimento de 19,6% no número de startups no segmento. Eram 702 startups do setor em 2020. Hoje o Brasil conta com 840 players que atuam como construtechs ou proptechs.
Um dos pontos que chamam atenção para essa curva ascendente é a desburocratização do mercado imobiliário. Esse cenário foi possível graças à adesão de tecnologias como inteligência artificial nas soluções que facilitam a vida das incorporadoras imobiliárias.
Entre as 840 opções de proptechs que existem no mercado brasileiro, vale mencionar aquelas que oferecem soluções ligadas a projeto e viabilidade para incorporadoras. Quem trabalha no setor sabe que o momento de adquirir um terreno para a construção de um empreendimento imobiliário é uma das fases mais delicadas de todo o processo.
Isso quer dizer que com o uso de soluções desenvolvidas por startups especializadas no ramo, essa fase inicial do projeto deixou de ser demorada e cara, para se tornar algo prático, rápido e econômico. Incorporadoras que não fazem uso desse tipo de expediente e seguem comprando áreas "à moda antiga" tendem a ficar para trás no mercado.
Futuro do mercado imobiliário
Não é errado dizer que o exemplo da compra de terrenos é só a ponta do iceberg deste mercado. Há uma grande variedade de possibilidades que podem facilitar atividades essenciais como estudo de mercado, gestão de landbank e outras tarefas. A tendência é que o número de opções que auxiliam essas empresas seja cada vez maior.
A adoção desses recursos não é só uma questão de estar à frente da concorrência, mas também de atingir resultados que só serão possíveis com o uso de tecnologias customizadas ao setor. Estamos passando por uma verdadeira revolução no ramo e o uso de tecnologia e dados em inteligência imobiliária é só o começo dessa transformação.
Wagner Dias, cofundador da Hiperdados.