O desafio de gerenciar novos dispositivos nas organizações

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As primeiras previsões para o mercado de TI em 2015 começam a aparecer. O Gartner, por exemplo, elegeu os temas "computação em toda parte" e "internet das coisas" (IoT) para o topo de sua lista, sendo que ambas as apostas estão inseridas dentro de um conceito maior de "hiperconectividade". Além disso, os chamados dispositivos vestíveis (wearable devices), que por anos geraram muita repercussão, mas pouco resultado efetivo, parecem ganhar novo impulso nos fóruns de discussão sobre tendências com os novos lançamentos, voltados principalmente para saúde e bem-estar.

No âmbito corporativo, esses movimentos trazem à tona a discussão de como gerenciar uma variedade cada vez maior de dispositivos. Se hoje as empresas são desafiadas a lidar com desktops, laptops, smartphones e tablets, o cenário futuro envolvendo relógios, pulseiras e óculos inteligentes cria uma complexidade ainda maior. Muito além da questão de segurança, a multiplicação de dispositivos impactará as mais diversas áreas de suporte e serviços internos.

Esse novo cenário chega sem que as bases para gestão de dispositivos "tradicionais" estejam maduras em muitas organizações. Por um lado, soluções de gestão de dispositivos proprietários da empresa – tipicamente desktops, laptops e servidores (client manager) — possuem grande aceitação de forma geral. Mas, por outro, as empresas que contam com soluções voltadas para a gestão de dispositivos móveis (MDM) ainda são uma minoria.

Um número ainda mais restrito de empresas possui a capacidade gerenciar dispositivos (móveis ou não, de propriedade da organização ou não) de forma integrada (endpoint). Por exemplo, como visualizar todo o inventário de dispositivos e respectivos sofwares para efeito de planejamento ou compliance? Como visualizar todos os dispositivos conectados com os sistemas corporativos e saber quem é o "dono" desses dispositivos?

Se hoje dependemos de apps cada vez mais especializadas por função, não resta dúvida de que produtividade está diretamente relacionada ao acesso a essas plataformas. Assim, como garantir a disponibilidade ou a atualização de apps corporativos em todos os dispositivos em meio a tantos sistemas operacionais? Ou então, como criar uma "app store" corporativa que facilite o acesso a apps recomendadas?

Um ponto central dessa discussão é a criação de uma nova forma de gerenciamento. Até recentemente, os dispositivos corporativos estavam sujeitos a um gerenciamento "completo", em que as organizações se viam no direito de interferir diretamente em todos os aspectos de hardware e software, como instalação, remoção e migração. A invasão dos dispositivos próprios dos colaboradores obriga a uma revisão, dentro de uma linha de gerenciamento "apropriado".

Não há fórmula mágica para equilibrar as demandas da organização e do colaborador. Apenas o real entendimento de quais, como e onde são usados os dispositivos internamente pode conduzir a estratégias bem sucedidadas. Antes da efetiva implementação, as políticas de acesso devem ser claramente comunicadas a toda a organização com o objetivo de evitar frustração ou medo por parte dos colaboradores.

Os provedores de solução oferecem integração cada vez maior nas ferramentas de gerenciamento de dispositivos – móveis ou não. Essa abordagem permite mais efiência na gestão, uma vez que dá visibilidade aos múltiplos dispositivos atrelados a usuários, bem como traz a possibilidade de estabelecer políticas comuns a todos. Atividades rotineiras do dia a dia, como o desligamento de um colaborador e a necessidade de eliminar dados corporativos dos dispositivos usados por essa pessoa, tornam-se, dessa forma, mais fáceis.

Empresas que possuem projetos bem sucedidos nessa área começaram a sua jornada em geral com "trials", com o objetivo de calcular o ROI e abrir o "diálogo" com colaboradores sobre políticas de acesso. Além disso, a sólida base na gestão de dispositivos atuais será essencial dentro de um cenário onde tudo e todos estarão conectados. Uma certeza: os usuários certamente levarão os seus novos gadgets favoritos para o ambiente corporativo – é só questão de tempo.

*Fernando S. C. Ferreira é estrategista de soluções na CA Technologies no Brasil.

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