Em tempos em que muito se fala sobre a famigerada transformação digital, as estratégias de TI buscam se readequar às mudanças resultantes da dinamicidade do mercado. Reflexo disso é a adoção de novos papeis pelos CIOs, que têm se dedicado mais à gestão dos negócios para melhor entender as demandas dos clientes. Tanto é que, segundo recente levantamento promovido pelo Gartner, os departamentos de TI das empresas estão focando cada vez mais nos resultados estratégicos de negócios, ao invés da entrega de projetos de TI.
Acredito que essa é uma tendência, já que a configuração de uma infraestrutura de TI que se encaixe nos planos de negócios, no crescimento e na expansão das organizações é fundamental. Além disso, é importante frisar que a boa gestão da empresa requer uma rápida disponibilização de informações no dia a dia de trabalho e, por isso, tem crescido o número de gestores que optam por uma arquitetura híbrida que combine diferentes ferramentas – como PCs, fontes de alimentação, impressoras, scanners, servidores para armazenamento de informações na nuvem, entre outros – com o intuito de reduzir os custos.
É necessário certificar-se, por exemplo, de que o espaço de trabalho seja funcional para a equipe. Por isso, terceirizar alguns (ou todos) os sistemas de TI em forma de Software como Serviço (SaaS), Plataforma como Serviço (PaaS) e Infraestrutura como Serviço (IaaS), pode ser uma alternativa estratégica e aderente às mudanças mercadológicas. Abaixo comento quais devem ser a expectativas quanto a cada uma dessas soluções:
Software como Serviço (SaaS): alguns estudos apontam que o SaaS monopolizará 60% de todos os gastos de nuvem pública em 2020. Muitas empresas já estão familiarizadas com essa solução, inclusive com aplicativos baseados em nuvem como Salesforce, Clarizen, Office 365 e Google Apps. Aquelas que oferecem esses apps gerenciam tudo, inclusive atualizações, tempo de execução, dados, virtualização, servidores, armazenamento e segurança. O SaaS costuma estar relacionado com os sistemas de correio eletrônico e colaboração, gestão de relacionamento com o cliente (CRM) e gestão de benefícios.
O único desafio potencial do SaaS é o que chamamos de Shadow IT: trata-se da vulnerabilidade do sistema resultante da permissão que os funcionários têm para baixar aplicativos, que por sua vez podem entrar em conflitos com outros programas. Por isso, recomendo que o administrador de TI esteja a par de todos os apps que sua empresa usa, a fim de evitar problemas.
Plataforma como Serviço (PaaS): na PaaS, um vendedor fornece uma plataforma em que pode-se desenvolver o software, sistema operacional, hardware e infraestrutura de rede. A maioria dos sistemas de PaaS usa a virtualização de servidores como o Google App Engine e OpenShift. A solução permite que as empresas criem novos produtos sem fazer um investimento (CAPEX) em hardware e redes adicionais até que estejam prontas para implantá-los em grande escala.
Infraestrutura como Serviço (IaaS): a IaaS oferece um serviço sob demanda por meio de servidores na nuvem, armazenamento, redes e sistemas operacionais. É uma excelente opção quando se precisa de capacidade adicional e flexibilidade no desenvolvimento. Se um negócio está crescendo rapidamente e não está seguro sobre a sua capacidade futura, a IaaS permite escalar pouco a pouco, sem a necessidade de grandes investimentos iniciais.
Por outro lado, é possível usar a nuvem pública por meio de um provedor – como o Amazon Web Services ou o Microsoft Azure -, ou uma nuvem privada só para sua empresa. Outra alternativa é o modelo "híbrido", que utiliza a nuvem pública para algumas funções e a nuvem privada para outras.
Vejo que as opções disponíveis no mercado oferecem às empresas uma flexibilidade sem precedentes para gerenciar a infraestrutura de TI e para assegurar a continuidade e crescimento do negócio. Uma vez que se tenha um sistema básico no local de trabalho, será possível trabalhar com várias combinações de SaaS, PaaS e IaaS, até encontrar o ritmo que funcione melhor para a organização. O funcionamento otimizado da infraestrutura de TI é, sem dúvida, a chave para garantir a competitividade das organizações na era digital. Pesquise, analise e escolha os sistemas que melhor atendam ao momento da sua empresa. Os resultados virão antes do que você imagina.
Crispín Velez, líder de transformação digital da Ricoh América Latina.