Com o objetivo de estimular o esforço inovador de pequenas e médias empresas, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) divulgou, recentemente, o Programa BNDES Direto 10, que apoiará investimentos de setores de alta complexidade tecnológica e intensivos em conhecimento, e possibilitará financiamentos de valores menores, entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões.
Apesar de abranger outros setores além das Telecomunicações, a ABRINT (Associação Brasileira de Provedores de Internet) entende que sua solicitação por uma solução que facilitasse linhas de financiamentos para os pequenos provedores foi decisiva para a criação do programa.
"Em 2013, a ABRINT se reuniu com Paulo Bernardo, então ministro das Comunicações e criador do Programa Nacional de Banda Larga (PNBL), para discutir a dificuldade de incluir a fibra óptica e os pequenos provedores nos financiamentos do BNDES", diz Erich Rodrigues, conselheiro da ABRINT, explicando que, nessa época, a ABRINT percebeu que poderia contribuir para a expansão da banda larga no Brasil: "Começamos a abrir caminhos e subsídios, endereçando a necessidade de um fundo garantidor para o setor e fazendo levantamentos com todos os municípios brasileiros, mostrando que na maioria deles havia possibilidade econômica para um provedor local operar uma rede de comunicação. Depois de carregar essa bandeira por tantos anos, consideramos o Programa BNDES 10 uma vitória para todo o setor de telecomunicações", comemora Erich Rodrigues.
Com foco em empresas de setores como a tecnologia da informação e Comunicações (TIC), educação, economia criativa, eficiência energética, equipamentos de saúde, autopeças, bens de capital (BK) defesa e inovação, o principal objetivo do BNDES Direto 10 é simplificar o processo de garantias para financiamentos usando o próprio fundo já existente.
Para o conselheiro da ABRINT, é uma solução inovadora e bastante significativa para o mercado, pois agora o BNDES poderá trabalhar com mais flexibilidade de garantias e fazer diretamente as operações necessárias para trabalhar com pedidos de valores menores do que ele comumente trabalha. Antigamente, o BNDES repassava os recursos para que outras instituições financeiras, públicas e privadas, operassem suas linhas de empréstimos.
Nesse processo, a responsabilidade pelo dinheiro deixava de ser do BNDES e se tornava das instituições, que com medo de sofrerem prejuízos, exigiam altas garantias.
"Esse programa chega num ótimo momento. O setor estava começando a mostrar sinais de cansaço e irritação com o sistema de financiamento existente, que não aceita a construção de redes de telecomunicações como garantia e pede que os provedores deixem como garantia seus bens pessoais, como casas e carros.
Com o Programa BNDES Direto 10 possibilitando o pequeno provedor de fazer financiamentos, veremos, além da expansão da banda larga, uma grande melhoria na qualidade das redes que serão construídas no país", afirma Erich Rodrigues.
Em 2018, Basílio Perez, atual diretor e na época presidente da ABRINT, afirmou que o investimento anual que o segmento alcançaria com o lançamento de uma linha de financiamento para os provedores, seria de aproximadamente R$3 bilhões anuais. "Não temos uma contabilidade direta do setor, fazemos uma suposição pelo número de clientes ativados no ano. A estimativa feita pela ABRINT, divulgada pelo Basílio, ainda é válida, porém a expectativa é de que esse número seja no mínimo 30% maior no segundo semestre, porque o gargalo estava justamente nessa questão do investimento represado por falta de crédito", finaliza o executivo.