Mudanças são essenciais à vida e necessárias para que o mundo evolua. E isto se aplica também ao mercado de trabalho. Apesar de algumas empresas terem aversão à ideia de que precisam começar a fazer suas atividades de novas maneiras, sabemos que as organizações que sobrevivem às mudanças culturais e tecnológicas são sempre aquelas que têm a capacidade de se adaptar aos novos tempos.
Uma mudança significativa que está revolucionando o mercado é o trabalho home office, ou trabalho remoto. Esta nova modalidade permite ao trabalhador realizar suas funções de dentro da sua casa ou de qualquer outro ambiente que não seja o clássico escritório, ficando em contato com seus empregadores através da internet.
Segundo o Censo 2010, só na cidade de São Paulo 1,5 milhão de pessoas trabalham onde vivem, número que representa 27% da população da capital. Especialistas afirmam que essa prática ajuda a reduzir engarrafamentos, por exemplo, já que as estes trabalhadores não precisam se deslocar diariamente para ir e voltar do trabalho.
A ideia inicialmente pode parecer ineficaz, pois as distrações em casa são muitas. Além disso, como garantir que o funcionário realmente está trabalhando? Muitas empresas, porém, vem mostrando que o home office é sim uma opção interessante e lucrativa. O teletrabalho reduz custos para as empresas e economiza o tempo do trabalhador, que não precisa mais enfrentar as duras jornadas que muitos enfrentam a caminho do trabalho.
O home office, hoje é regularizado de acordo com a Lei 12.551/11, o que garante ao direitos trabalhistas aos funcionários remotos. Além disso, as empresas podem contar com informações, como relatórios, metas e controles, do funcionário. De acordo com uma avaliação da Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividades (SOBRATT), depois que a lei foi implantada, no ano passado, a atividade cresceu entre 30% e 40%.
No Brasil, diversas corporações já aderiram a esta nova forma de trabalhar. Mas é necessário ter alguns cuidados, tanto com a forma de organizar o trabalho, como também com os recursos utilizados, se partirão da empresa ou do próprio empregado. O trabalhador tem que estar cientes das suas obrigações fora do ambiente corporativo, assim como a e empresas também devem estar prontas para poder fornecer e cobrar o que for necessário para a conclusão do serviço.
Entre as muitas empresas que adotaram a nova prática, encontramos também os contact centers. Na modalidade, o sistema work from home entra como um grande aliado na redução de custos e aumento da rentabilidade, principalmente quando também é instituído o uso de cloud computing. Já existem soluções que dão suporte às empresas no que diz respeito à gestão. É possível supervisionar o colaborador através desses sistemas que conseguem monitorar as operações de inbound e outbound.
O sistema home office também auxilia no desenvolvimento do profissional, que tende a melhorar por ser poupado de trânsito, diminuir os gastos com alimentação e ainda por conseguir passar mais tempo no ambiente familiar.
Porém, para que este conceito dê resultados, as empresas devem estar culturalmente preparadas. Elas têm que desenvolver um modelo de trabalho que se preocupe com o desenvolvimento do funcionário. Isso quer dizer, não só devem estar de acordo com o novo modelo de trabalho como também deve investir em recursos tecnológicos que acompanhem o mercado de home office, para tornar a experiência cada vez melhor e mais rentável.
Da mesma forma, os funcionários também precisam estabelecer alguns pontos. O fato de trabalhar em casa é bom, porém, as obrigações são as mesmas de um trabalho convencional. Então, para não se perder é preciso estar em um ambiente adequado da casa, que seja organizado e ter controle para que os problemas pessoais não acabem interferindo no serviço que está sendo realizado.
Outra questão importante é a migração cada vez maior de empresas de contact center para regiões fora dos centros urbanos como São Paulo e Rio de Janeiro. Muitas estão se transferindo para a região Nordeste. A migração cresceu de 3,5%, em 2009, para 12,5% em 2013, de acordo com um estudo realizado pelo E-consulting. Essa mudança pode ser explicada pelos menores gastos com funcionários que a empresa tem com seus funcionários na nova região. Adotar as soluções que viabilizam o teletrabalho pode ser uma solução muito mais interessante do que arcar coma transferência de setores inteiros para outros estados. Isso evita uma série de transtornos, como fazer muitas pessoas perderem seus empregos e ter que treinar novos funcionários.
Considerando que as atividades em contact centers empregam cerca de 1,4 milhão de pessoas (dado do Sindicato Paulista de Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos – Sintelmark), estados que apresentam uma elevada evasão de empresas, como os estados do Sudeste, deveriam ser os primeiros a incentivarem seus empregadores a adotarem a nova prática. O home office pode garantir que muitos empregos que seriam transferidos para outras regiões continuem onde estão. Com isso ganha a empresa, o empregado e também o Estado.
O home office não deve ser visto apenas como uma opção acessível a poucos profissionais, mas como uma realidade do mercado de trabalho.
Carlos Carlucci, country manager da Vocalcom Brasil