Você já ouviu falar do termo gig economy? É melhor se acostumar com ele e pesquisar bastante, porque este conceito deve guiar as relações de trabalho em todo o mundo nos próximos anos. A popularização da Internet e a evolução das soluções digitais no dia a dia das pessoas pulverizaram a forma como os negócios são feitos e os profissionais desempenham suas tarefas. Hoje, fazer carreira em um único lugar não é visto mais como sinônimo de comprometimento. O que importa é a capacidade de empreender e participar de diferentes projetos.
Muitos consideram as expressões "economia compartilhada" e "gig economy" como sinônimas, mas há uma diferença sutil entre elas. Enquanto que a primeira refere-se a plataformas que facilitam e intermedeiam a oferta de serviços e produtos entre as pessoas, a segunda diz respeito à relação entre os trabalhadores sem vínculo empregatício (conhecidos como freelancers) e as empresas que os contratam para oportunidades pontuais – garantindo flexibilidade tanto para a organização quanto para o profissional.
Por isso, ao colocar sua casa para alugar por um período no Airbnb, você até pode ganhar dinheiro com esse serviço, mas não irá lhe transformar em um corretor imobiliário. Assim como a proposta inicial do Uber era garantir renda extra e não transformar seus motoristas em profissionais da direção. Mas se você é um profissional de TI e conta com a ajuda de aplicativos e plataformas para encontrar mais trabalho, você segue como especialista na área e obtém uma renda mensal.
É uma tendência cada vez maior no mercado de trabalho global: cada pessoa torna-se sua própria empresa. Nos Estados Unidos, por exemplo, levantamento da Intuit indica que 34% da força de trabalho no país já é movida pela gig economy e a expectativa é que esse número suba para 43% até 2020. Já o estudo da JP Morgan Chase aponta que o número de profissionais que estão nesta condição cresceu dez vezes nos últimos seis anos. Já no Brasil, são mais de 23 milhões de pessoas que trabalham por conta própria, segundo o IBGE.
Com a consolidação dos negócios digitais e a valorização do empreendedorismo no mercado de trabalho nacional, o nosso país começa a dar seus primeiros passos para entrar nesta nova fase da economia mundial. Alguns pontos ainda precisam ser esclarecidos, sem dúvida. A legislação tem que ser clara e justa, protegendo empresas e trabalhadores. A relação entre as partes também deve ser transparente, com a especificação correta do valor a ser pago e das tarefas a serem feitas.
O mundo mudou muito nas últimas duas décadas. Atualmente, as pessoas compram, se divertem e se relacionam por meio da Internet e dos dispositivos móveis. Logo, era natural que a forma como lidamos com o emprego também passasse por uma transformação. Ficar preso a velhas ideias e conceitos é apenas um atalho para o fracasso. É necessário ficar antenado e, principalmente, contar com a tecnologia para o que der e vier.
José Alves Braga Neto, CEO fundador da startup nerd2.me.