Entre as distintas e relevantes transformações que estão revolucionando o mercado, há uma que ainda passa um pouco despercebida, embora tenha bastante potencial para transformar negócios: a computação em Nuvem.
Pesquisa do Gartner revela que, até 2022, 75% de todos os bancos de dados serão implantados ou migrados para uma plataforma baseada em Nuvem, tendência que será em grande parte direcionada para análises de informações e vendas de softwares como serviços (SaaS).
A mesma consultoria revela que, até 2020, empresas que não utilizam computação em nuvem serão tão raras quanto as que hoje não utilizam internet. Já a Forbes afirma em estudo que o mercado da computação em nuvem deverá faturar mais de US$ 162 bilhões em 2020.
Apesar disso, a temática ainda não está sendo observada de forma estratégica na ampla maioria das empresas que operam no Brasil, sobretudo diante da ausência de orçamentos direcionados para esse tipo de ação e da falta de grupos de executivos capazes de liderar essa transformação dentro das organizações.
Entre os benefícios da migração para a Nuvem, está a facilidade de monitorar indicadores de desempenho por executivos de locais diferentes, que, utilizando diversos dispositivos de acesso à rede, podem acompanhar em tempo real distintas linhas de negócios, como operação, produtos, vendas e pagamento de impostos.
Essa é uma perspectiva mais integrada de transformação digital nas empresas que só tem a contribuir para a agilidade na tomada de decisões e o direcionamento de estratégias de negócios customizadas por produtos, regiões e preferências dos consumidores.
Com as áreas conectadas na nuvem, e o acesso aos dados facilitado, há espaço, ainda, para a geração de indicadores e análises preditivas dedicadas a reforçarem a percepção de valor, evidenciarem diferenciais e ampliarem a competitividade das empresas de todos os setores da economia.
No varejo, por exemplo, com a utilização de determinadas tecnologias em nuvem, a força de vendas pode estar mais alinhada aos objetivos estratégicos por meio da integração de dados pulverizados para que haja uma atuação mais cirúrgica e assertiva sempre que conveniente.
Para as empresas de entretenimento, que têm demandas pontuais quando há intensa venda digital de ingressos, por exemplo, servidores hospedados na nuvem podem ser contratados sob demanda, o que também contribui para ganho de escala e redução de custos.
Embora muitos não percebam, grande parte das atividades cotidianas de trabalho e vida pessoal já estão atreladas à nuvem. Ela garante acesso a arquivos a qualquer momento, de qualquer lugar, com diferentes dispositivos. As empresas também estão utilizando esse recurso para gerenciarem dados e ampliarem a experiência do cliente.
Em um mundo cada vez mais globalizado, competitivo e digital, as empresas que não forem ágeis e assertivas na tomada de decisões estratégicas poderão se tornar obsoletas e perderão ótimas oportunidades. Não há tempo a perder e, dentre todas as transformações do mercado, certamente investir na computação em nuvem será cada vez mais determinante para o sucesso dos negócios.
É interessante que, nesse processo de migração, as empresas contem com uma metodologia que analise esse desenvolvimento a partir do ponto de vista do negócio, construindo um roteiro alinhado com o processo de transformação da própria empresa, acompanhado de gerenciamento de mudança, segurança e governança.
José Saldanha, sócio líder de Alianças e Soluções em Nuvem da KPMG no Brasil.