O Brasil corre um sério risco de não participar da disputa pelo próspero mercado de aplicações móveis. Estimado hoje em US$ 100 bilhões e crescendo a uma taxa anual de aproximadamente 14%, ele demanda não apenas uma comunidade de desenvolvedores numerosa, mas capacitada.
Segundo dados de um levantamento realizado pela unidade de inteligência, estudos e pesquisas da Softex, o déficit de profissionais de TI no país deverá superar 408 mil em 2022, ocasionando uma perda de receita de R$ 167 bilhões para o setor no período de 2010 a 2020.
Para atenuar essa realidade, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) anuncia o lançamento do Programa de Capacitação Empreendedora. Com gestão da Softex, ele contará com a participação de oito instituições que cobrem nove regiões metropolitanas, concentram 29% da população e respondem por 47% do PIB do país.
O Programa de Capacitação Empreendedora, a ser realizado a partir do início de 2020, contará com recursos da ordem de R$ 22 milhões e tem por objetivo capacitar novos desenvolvedores, gerar empregos qualificados e impactar mais de 10 mil pessoas. O material didático será disponibilizado via internet (EAD) e, semanalmente, os alunos participarão de sessões presenciais em laboratórios próprios e também móveis para que possam perceber na prática os desafios e as oportunidades do mundo 4.0.
A iniciativa contempla a realização de três ações distintas: capacitação tecnológica de jovens; desenvolvimento de pesquisa, capacitação e incentivo ao empreendedorismo; pesquisa e desenvolvimento para a popularização de aplicações móveis.
"Queremos converter oportunidade e desafio em qualidade de vida para a sociedade, com a aplicação de tecnologias disruptivas como Internet das Coisas (IoT), edge computing, blockchain e Indústria 4.0, que surgem para transformar o país e gerar conhecimento científico e técnico que podem ser aproveitados em carreiras como as de TI, por exemplo. Novas tecnologias, dispositivos e áreas de aplicação com foco em aplicações móveis podem mover recursos e políticas públicas para solucionar problemas globais e ajudar as empresas a diminuir o "gap" entre o mercado e os profissionais qualificados que atuarão nestes setores estratégicos", destaca Marcos Pontes, Ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Paulo Alvim, secretário de Empreendedorismo e Inovação do MCTIC, lembra que desde o início do ano o Governo tem trabalhado em um conjunto de iniciativas com o intuito de proporcionar um ambiente mais favorável para quem quer empreender no Brasil por meio de legislação e instrumentos de apoio. "A capacitação é uma parte fundamental desse processo. Nós precisamos de mais gente trabalhando com a área de TI, desenvolvedores, profissionais qualificados e com condições de empreender nesse mercado tão promissor de aplicações móveis", avalia.
Além da formação técnica, os participantes receberão capacitação em empreendedorismo e intraempreendedorismo e serão incentivados a empreender seja atuando nas empresas ou criando startups para propor soluções para desafios que são identificados em organizações parceiras ou apoiadoras.
"As ações do Programa não apenas contribuirão diretamente para a formação de milhares de novos profissionais, universitários e técnicos de alto nível distribuídos por todas as regiões do Brasil, mas também para o fortalecimento e para o aumento da densidade de empresas nacionais de base tecnológica", avalia Ruben Delgado, presidente da Softex.
As oito instituições que participarão do Programa de Capacitação Empreendedora são: Instituto Presbiteriano Mackenzie (São Paulo), Senac (São Paulo), Pontifícia Universidade Católica, unidades Rio de Janeiro, Paraná e Rio Grande do Sul; União Brasileira de Educação Católica (Brasília), Instituto de Pesquisas Eldorado (Campinas) e Associação pela Excelência do Software de Campinas.