Cloud como estratégia para empresas mais verdes

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Nos últimos dois anos, o processo da migração e adoção de tecnologia em nuvem pelas empresas foi drasticamente acelerado em função do COVID-19. Com as medidas de distanciamento social e isolamento, as organizações precisavam manter suas operações rodando mesmo à distância. Projetos e investimentos em longo e médio prazo ligados a Cloud Computing se tornaram prioridade absoluta. Graças a essa rápida adaptação, negócios considerados como serviços essenciais continuaram a ser oferecidos à população.

Mas há um outro panorama que precisa ser abordado dentro de todos esses acontecimentos. Além dos ganhos em agilidade, compartilhamento de informação e redução de custos que Cloud Computing traz. Em tempos de COP26, onde as grandes economias mundiais discutem ações a serem tomadas para garantir um futuro sustentável ao planeta, essa tecnologia pode ser um grande elemento do pilar ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança) das empresas, mais especificamente dos planejamentos voltados para o Green IT (TI Verde).

O setor de TI consome muitos recursos naturais em todo o seu ciclo, desde matérias-primas para a produção de hardwares, passando pela energia para o funcionamento dos equipamentos, até o descarte após a sua vida útil, que é muito curta. O Green IT tem como objetivo um uso mais racional dos recursos e, neste cenário, a nuvem pode trazer outros benefícios como a economia de energia e um volume menor de equipamentos de hardware, que poderão se tornar lixo eletrônico no futuro.

Se do ponto de vista de negócios, os CIO's enfrentam o dilema de manter os altos investimentos e aceleração de projetos neste período pós-pandêmico, na perspectiva de Green IT há uma responsabilidade com o futuro das próximas gerações. Um ponto alarmante que o estudo "Sustainable IT – Why it's time for a Green revolution for your organization's IT", do Capgemini Research Institute (CRI), mostra que metade das empresas disse ter uma estratégia de sustentabilidade para toda a empresa, mas apenas 18% disseram ter especificamente uma estratégia de TI abrangente e sustentável, com metas e prazos bem definidos.

Ainda segundo a mesma pesquisa, apenas 15% dos executivos ouvidos tomaram medidas para reduzir a pegada de carbono do hardware de TI, com 46% apenas no estágio piloto e 39% não realizaram nenhuma ação. O que representa ainda um movimento muito tímido perto das grandes mudanças que precisamos promover nos próximos anos para alcançar indicadores de Net-Zero ou de Carbon Neutral.

Na companhia onde atuo, por exemplo, como implementadores e parceiros consultivos, precisamos assumir o protagonismo no desenvolvimento de uma cultura free carbon em nossa corporação, além de incentivar nossos parceiros e clientes na modernização de infraestruturas e aplicações, trazendo grandes benefícios de curto e longo prazo para a sustentabilidade das empresas e do nosso planeta.

Acreditamos que por meio de estímulo de uma estratégia macro para aplicação do Green IT, que recomenda a migração de Data Centers e backups para a nuvem, a modernização de aplicativos, a adoção de modelos SaaS (Software as a Service) e IaaS (Infrastructure as a Service), além da otimização dos meios de fornecimento de energia e refrigeração em Data Centers; e a reciclagem ou o descarte correto de equipamentos eletrônicos obsoletos, entre tantas outras medidas, podem e devem ajudar nesse movimento sem volta.

Essa crença é confirmada pelos destaques do estudo, que mostram os impactos positivos conquistados pelas organizações que estão na dianteira dessa transformação e já implementaram ações de Green IT. Entre as companhias que apresentam altos níveis de maturidade em TI sustentável, ?12%, em média, ?alcançaram, redução de custos. Cerca de 44% – duas vezes mais que seus pares de baixa maturidade – disseram que suas práticas verdes estavam gerando economia. E quase dois terços (61%) relataram melhorias em sua pontuação ESG (ambiental, social e governança).

Esses indicadores impactaram também a forma como as empresas são vistas pela opinião pública, como relata o Capgemini Research Institute, ao comprovar que 61% dos participantes notaram melhorias em sua imagem de marca e 56% relataram melhora na satisfação do cliente.

Claro, que não basta ter a prática de Green It, esse planejamento exige inúmeras adaptações e mudanças de mindset, que leve em consideração o meio ambiente deve-se considerar todo o ciclo de vida do produto e a cadeia de suprimentos para desenvolver um modelo de economia circular, visando a redução de resíduos e emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), além da gestão inteligente do consumo de energia e o controle constante por meio de auditorias.

A tecnologia para mudar essa história já existe e temos o domínio, agora precisamos estimular uma cultura que priorize um futuro mais sustentável para todos.

Juliana Almeida, vice-presidente Cloud & Infrastructure Operations da Capgemini.

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