O mercado brasileiro de PCs deve sofrer um recuo 11% neste ano, com vendas estimadas de 10,4 milhões de unidades, contra as 11,8 milhões em 2008, de acordo com estudo da IDC Brasil. O resultado, segundo a consultoria, marcará um nível de vendas inferior ao registrado em 2007, quando o país somou 10,6 milhões de unidades comercializadas.
De acordo com Luciano Crippa, analista sênior do mercado de PCs da IDC Brasil, a crise financeira impactou muito a indústria mundial de PCs, o que teve reflexos também no Brasil. Ele revela que dos 30 fabricantes de PCs que atuavam no país no ano passado, pelo menos cinco saíram do mercado, encerrando suas operações. Mas ele alerta que esse número pode aumentar ainda mais.
"Além de empresas que sofreram fortemente os impactos da crise e não conseguiram se manter competitivas no mercado, existem aqueles casos de investimentos de oportunidade. Com o dólar baixo e o mercado propício, muitas empresas foram criadas para aproveitar a ascensão das vendas de PCs e conquistar bons rendimentos. Quando a margem de lucro se reduz e o cenário se torna complicado, os investimentos de oportunidades tem de se readequar", explica Crippa.
Por esse motivo, o analista da IDC Brasil avalia que este ano será marcado por um reajuste e readequação do mercado de PCs brasileiro para enfrentar a crise financeira. Entre as mudanças apontadas por ele estão o equilíbrio de preços que os fabricantes realizarão em relação aos PCs, diminuindo as margens para ganharem escala e compensar a valorização do dólar frente ao real, o que aumenta os preços dos PCs.
Além disso, Crippa diz que o ritmo de crescimento do mercado de notebooks será menos acelerado, dando um novo fôlego para o segmento de desktops e melhorando as vendas de PCs no mercado corporativo, em detrimento do segmento de consumo. O fato de o mercado corporativo ser melhor do que o de consumo neste ano, no entanto, não servirá de alento para os fabricantes, às voltas com os problemas da crise, já que, segundo o analista, as vendas para o usuário final representam maiores margens para a indústria.
Segundo Crippa, uma pesquisa realizada pela IDC constatou que o cliente corporativo freou mais bruscamente as compras de PCs, mas readequou o plano de investimento e voltará a comprar PCs de forma normal a partir de abril. Já o usuário final reduziu as compras de forma menos acelerada, mas só retomará o ritmo normal de aquisições a partir de outubro. "No mercado corporativo não tem muita escolha, ou a empresa investe ou ela investe. Não dá para ficar com o parque obsoleto. Já o segmento de consumo está marcado por uma apreensão e medo da situação econômica atual e as pessoas adiam a compra de PCs até que a situação apresente indícios de melhora", observa Crippa
Para 2010, o analista da IDC Brasil afirma que o mercado deve apresentar uma queda de preço, com o dólar se estabilizando, e atingir vendas de 11,5 milhões de unidades, crescimento de 10,3% em relação a este ano. Porém, frisa o analista, essa estimativa é baseada em um dólar médio na casa do R$ 2,29. "Caso o real apresente uma valorização maior frente ao dólar, esse crescimento poderá ser superior e o mercado atingir o mesmo patamar de 2008, quando vendeu 11,8 milhões de unidades", conclui o analista.
- Declínio profundo