Por que o blockchain é e será a tecnologia da inovação?

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Falamos de um mundo novo, com a descentralização de serviço, e blockchain é a tecnologia do futuro porque trata do início desse processo, da criação de uma economia compartilhada, uma internet mais livre e também da transferência de poder das corporações e dos governos para os indivíduos.

É a solução que impacta tanto no conceito de propriedade como proporciona um alto grau de confiança entre desconhecidos. Hoje, já está revolucionando o mercado financeiro, melhorando a rastreabilidade, transparência e a imutabilidade, proporcionando confiança, segurança, eficiência e otimizando processos.

Criado há 11 anos, a solução oferece inúmeros benefícios ao setor financeiro. O blockchain, junto com contratos inteligentes, pode melhorar a interoperabilidade dos dados, uma vez que todas as transações são validadas por meio de um algoritmo de consenso e nenhum participante pode modificar os dados arbitrariamente, preservando a privacidade dos clientes. Um exemplo claro de área em que as instituições financeiras podem investir é na prevenção de fraudes, com o desenvolvimento de soluções específicas, reduzindo consideravelmente os valores que hoje são investidos em outros modelos de segurança. Quando pensamos em casos de uso de Blockchain, temos exemplos como micropagamentos, moedas sociais, microcrédito, crowdfunding, tokenização de serviços bancários.

Um exemplo de utilização para evitar fraudes, é o sistema que foi criado por cinco instituições financeiras, sendo elas o Banrisul, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Sicoob e o Banco Santander, que iniciaram um projeto intitulado de Sistema  Financeiro Digital (SFD) que promete ser o início da revolução das transferências bancárias no Brasil e irá transformar operações como DOC e TED obsoletos.

A transferência de recursos entre contas de diferentes instituições (transferências interbancárias) pode demorar até três dias úteis no Brasil, dependendo da forma de transferência escolhida. No caso do DOC (Documento de Ordem de Crédito) o valor pode demorar até três dias úteis para constar na conta do destinatário; já a TED (Transferência Eletrônica Disponível) cai no mesmo dia (geralmente em alguns minutos), mas tem a desvantagem de que só pode ser enviada em dias úteis e dentro do horário comercial. A boa notícia é que tanto o DOC quanto a TED podem ser substituídos, em breve, pela SFD.

O SFD vai permitir a transferência de recursos para outros bancos em qualquer dia e horário de forma instantânea. Com ele, o usuário faz transferências seguras apenas selecionando o contato da agenda telefônica. O serviço dispensa a necessidade de informar CPF, número do banco, agência e conta corrente, como normalmente acontece ao enviar um DOC ou TED.

Para o consumidor, a principal vantagem está na possibilidade de realizar transferências entre bancos diferentes todos os dias, sem a limitação de finais de semana e feriados, independente do horário. O SFD vai permitir a transferência de recursos entre instituições participantes sem que seja necessário a utilização de um intermediário. Atualmente, as instituições utilizam a câmara de compensação da Febraban, que só funciona em dias úteis, dentro do horário comercial.  A Caixa Econômica Federal informou que foi necessário mudar sua forma de trabalho, uma vez que foi preciso criar um ambiente para desenvolver e estruturar essa aplicação, e revelou ainda que ter um desafio de cultura, pois as pessoas ainda não conseguem pensar em um modelo sem intermediários, mas que essa tecnologia oferece novas possibilidades.

O Sistema Financeiro Digital, inicialmente, só irá permitir a transferência de recurso entre os cinco bancos participantes, mas a tendência é que novas empresas adotem a tecnologia assim que o sistema começar a funcionar. Tendo como principal benefício a rapidez e a eficiência, devido ao uso da tecnologia Blockchain. Nenhuma das cinco instituições informou nada sobre valores de tarifas e a data para iniciar o funcionamento do SFD.

Em outro exemplo muito importante que o blockchain está sendo utilizado e vem com muita força é o de negociação de ações.  Atualmente, quando executadas peer-to-peer, as confirmações de negociações ocorrem quase que instantaneamente, quando normalmente, as aplicações sem uso do blockchain, ocorrem em torno de três dias.

Algumas importantes bolsas de ações e commodities já estão prototipando pedidos de blockchain para seus serviços, como a ASX (Australian Securities Exchange).  A ASX começou a disponibilizar a seus clientes acesso a um ambiente de desenvolvimento para sua nova aplicação, migrando a CHESS -Sistema eletrônico de sub-registro de compensação – a uma nova aplicação chamada (DLT), com tecnologia de contabilidade distribuída baseada em blockchain e mais uma grande atualização de um de seus data centers para atender essa demanda. Um dos principais objetivos é reduzir o settlement time e também seguir junto com as  tendências globais que envolvem o setor financeiro, incluindo as demandas dos clientes por complexidade reduzida, custos mais baixos e acesso a mais dados e análises.

Indo além, e em um ambiente ainda pouco explorado, mas com crescimento exponencial, o blockchain faz uma perfeita união com a Internet das Coisas (sigla em inglês, IoT), indústria em rápido crescimento e destinada a transformar casas, cidades, fazendas e fábricas, tornando-os inteligentes e mais eficientes por meio da coleta de dados, monitoramento remoto e controle de dispositivos.

De acordo com o Gartner, até 2020 haverá mais de 26 bilhões de coisas conectadas no mundo, alimentando um mercado que valerá pelo menos US$3 trilhões. No entanto, esse crescimento caótico trará muitos desafios relacionados à identificação, conexão, proteção e gerenciamento de inúmeros dispositivos. O blockchain torna possível a criação de malhas de redes mais seguras, permitindo dispositivos IoT se conectarem de forma confiável e inteligente, evitando ameaças como a falsificação de dispositivos e a personificação.

Mas a aplicação do blockchain não se restringe apenas à área financeira.  Uma grande rede de supermercados, por exemplo, anunciou recentemente que usará blockchain para melhorar a segurança alimentar. Com a tecnologia convencional, foi preciso cerca de uma semana para rastrear a origem dos produtos contaminados de volta à fazenda de origem, mas com o blockchain essa rede conseguiu reduzir o tempo para 2,2 segundos. Outra área que vem apresentando diversas inovações que utilizam a tecnologia blockchain no desenvolvimento de novas soluções é a área de saúde. Como no prontuário médico eletrônico para a gestão dos dados relativos à saúde da população. Com o compartilhamento e a integração desses dados (que hoje estão distribuídos em hospitais com sistemas descentralizados e privados), é possível melhorar a qualidade dos serviços de saúde, reduzir os custos médicos e acelerar as pesquisas, e o uso de blockchain, junto com contratos inteligentes, pode melhorar a comunicação entre sistemas e os dados de saúde, garantindo a privacidade dos pacientes.

Em um futuro muito próximo, será possível utilizar o blockchain para inovar de diferentes maneiras, gerando grandes possibilidades de desenvolvimento para atender necessidades em geral, como o agronegócio, indústrias, bolsa e economia. São muitos os lugares onde o blockchain pode brilhar e formar a estrutura que suportará uma economia compartilhada baseada em comunicações máquina-a-máquina. A transformação já está entre nós.

Danilo Camargo Paulo, analista de sistemas na GFT Brasil.

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