A tecnologia IoT está em ação no Brasil há anos e, com a pandemia, expandiu-se ainda mais. É o que informa o estudo IoT Snapshot da Logicalis: no primeiro semestre de 2020, 19% de todos os projetos de IoT da América Latina foram desenvolvidos no Brasil. Com a crise do COVID-19 e a chegada de um mundo baseado em relações remotas e na redução de visitas a empresas de todas as verticais, esse segmento deu um salto em quantidade – 59% de aumento de consumo de soluções IoT, segundo pesquisa mundial da KPMG – e qualidade. Tornou-se urgente elevar o nível de maturidade digital dos setores da empresa baseados em dispositivos IoT, adicionando visibilidade e controle a essas áreas. A grande meta é calcular o ROI trazido por essa tecnologia a cada organização.
É o que indica estudo do IDC Brasil divulgado no início deste ano. Segundo os analistas do IDC, 90% das organizações brasileiras que já implementaram soluções IoT tem como meta, em 2020, construir KPIs (Key Performance Indicators) que suportarão o desenvolvimento de cálculos do ROI obtido com essa infraestrutura. Ainda segundo o IDC, essa busca de traduzir em ganhos de negócios os investimentos de IoT irá gerar, no Brasil, investimentos de US$ 9,9 bilhões em hardware, software e serviços – inclusive de consultoria de negócios – ligados à expansão do IoT no país.
O caminho em direção ao cálculo do ROI de uma planta IoT é longo
Estudo da consultoria McKinsey realizado em 2019 mostra que todas as verticais passam por etapas fixas de adoção de IoT. Parte-se da IoT Strategy (planejamento sem nenhuma solução implementada) para a fase de IoT Initiation (fase de testes e PoC), avança-se para a etapa Early Adoption (implementação de um projeto piloto já em produção) para se chegar ao momento realmente esperado: IoT Enterprise. Somente quem já chegou a essa etapa está em condições de avançar no nível da maturidade digital de suas plantas e aplicações IoT. O grande diferencial da fase IoT Enterprise é a conexão das áreas digitalizadas por dispositivos IoT – sejam usinas hidrelétricas ou uma escola primária com câmeras de segurança – com as áreas de TI e segurança, promovendo uma visão unificada, analítica e alinhada com os negócios das empresas usuárias desses novos ambientes.
Nessa empreitada, é fundamental contar com soluções convergentes de monitoração de ambientes IoT, TI e OT. São plataformas capazes de suportar, por meio de dashboards sob medida para cada empresa, a criação de KPIs com métricas que servem de base para o cálculo do ROI e evidenciam o valor aportado pelos dispositivos IoT à empresa como um todo.
Veja abaixo os dez passos necessários para atingir essa meta
- Visualize o que a Internet das Coisas – 'IoT' – significará para o seu negócio – A IoT transformará alguns negócios mais do que outros. Uma empresa de serviços profissionais poderá estar preocupada com integrar um termostato inteligente, enquanto um fabricante enfrentará os desafios de unificar vários sistemas, máquinas e dispositivos díspares. Os administradores de rede estarão na vanguarda do processo de integração, e desempenhando um papel crítico em extrair o máximo valor dos dispositivos conectados.
- Prepare-se para integrar – Embora alguns dispositivos conectados são produzidos e projetados para acoplar-se perfeitamente a redes, outros são desenvolvidos internamente e dependem fortemente de customização. Com todos esses diferentes tipos de dispositivos, a integração se torna um desafio. É crítico que todos os dispositivos conectados sejam monitorados com precisão.
- Compreenda os protocolos utilizados nesse universo – Os três principais protocolos usados ??para conectar a Internet das Coisas são: SNMP (Simple Network Management Protocol – Protocolo Simples de Gerenciamento de Redes), APIs REST e XML. Obtendo uma melhor compreensão de como os dispositivos interagem, será mais fácil projetar arquiteturas de rede mais sofisticadas, facilitando em muito o monitoramento.
- Lembre-se de que nem todas as "coisas" são novas – Nem todo dispositivo conectado é o mais recente e melhor hardware produzido por empresas líderes da indústria. Muitos dispositivos estão desatualizados, especialmente nos ambientes industriais, ou são conectados por meio de pequenos computadores como o Raspberry Pi. É importante compreender os muitos e diferentes requisitos de hardware e identificar como conectar os dispositivos necessários, mesmo que eles sejam do século XX.
- Seja flexível – Provavelmente, a Internet das Coisas será o maior desafio já enfrentado pelos administradores de rede desde os serviços de nuvem e o BYOD (Bring Your Own Device – Traga Seu Próprio Dispositivo). Certamente, haverá pressão do C-Level para lidar com a "próxima grande novidade" de TI. É necessário ser paciente e flexível para lidar com os complexos desafios de monitorar uma rede de dispositivos conectados em velocidade de negócios.
- Planeje proativamente – Quando se trata de monitoramento de redes, o planejamento é fundamental. O advento do BYOD teve efeitos importantes sobre as redes e a largura de banda; o mesmo ocorrerá com a Internet das Coisas. Para manter o uptime e a disponibilidade, certifique-se de planejar o uso de largura de banda dos dispositivos conectados.
- Reconheça que qualquer coisa que tem um endereço IP pode ser hackeada – Os hackers da atualidade são destemidos e criativos, uma combinação perigosa para os departamentos de TI. Qualquer coisa que tem um endereço IP pode ser hackeada, e a Internet das Coisas amplia o vetor de ameaça. Antes de conectar a geladeira à TI central, certifique-se de ter em vigor um plano de segurança.
- Customize, customize, customize – Um dos aspectos mais empolgantes da Internet das Coisas é que não há limite para o que pode ser conectado. Em termos de monitoramento, isso cria desafios que podem ser resolvidos criando-se novos sensores e relatórios customizados. Isso é especialmente importante em ambientes industriais, nos quais os dados extraídos de dispositivos podem ser usados ??para tornar os processos de negócios mais inteligentes e mais eficientes.
- Mantenha todas as "coisas" em ordem – Frequentemente, os sistemas de TI modernos são caóticos. Tornou-se incrivelmente fácil instalar uma máquina virtual, baixar e executar um software da nuvem ou, agora, conectar um dispositivo. Mapear e rastrear todas as "coisas" à medida que elas são acrescentadas à rede lhe poupará muitas dores de cabeça a longo prazo.
- Pense dois passos à frente – Em geral, os projetos de dispositivos conectados começam pequenos nas empresas. É inevitável, porém, que o mundo conectado acabe fornecendo novos dados e informações sobre como as empresas operam. Os dados produzidos por dispositivos IoT são, cada vez mais, impulsores de importantes decisões de negócios. KPIs baseadas nesses dados são essenciais para, numa etapa subsequente, chegar-se ao cálculo do ROI dos ambientes IoT.
Infelizmente ainda ocorrem, no Brasil, casos de projetos IoT que são vistos de forma secundária e complementar, não recebendo a atenção que outras áreas de negócios conquistam.
A monitoração integrada de ambientes IoT, OT e TI lança luz sobre os ultras específicos ambientes IoT, propiciando a gestão unificada de toda a infraestrutura digital. Quem seguir esse caminho conseguirá, em 2021, incluir as mais diversas aplicações IoT em seus cálculos de ROI.
Luis Arís, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Paessler América Latina.