O setor de tecnologia da informação apresentou ótimos resultados em todo o mundo, em especial o segmento de outsourcing de serviços de TI, que totalizou US$ 607 bilhões, com perspectiva de crescimento de 6% ao ano até 2008. Desse total, os negócios específicos de offshoring representaram cerca de US$ 18 bilhões, mas devem crescer 40% ao ano até 2008, um potencial de mercado que pode gerar divisas expressivas para o Brasil.
Essa é uma das conclusões de relatório encomendado à consultoria A.T. Kearney pela Brasscom, associação que reúne as grandes companhias brasileiras de TI, em conjunto com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
O documento, divulgado nesta terça-feira (6/12) no MDIC, diz que a tendência de offshoring superou a fase de euforia e tende a se estabilizar. A A.T. Kearny avalia que as ofertas de offshoring dos países tradicionais, como Índia, por exemplo, já dão sinais de enfraquecimento e abrem espaço para novos atores. "Os compradores de serviços offshore têm evoluído da mera busca de redução de custos para a melhoria do nível de serviço para seu cliente final."
De acordo com a A.T. Kearney, o Brasil pode se beneficiar dessa maior exigência dos clientes de offshoring capitalizando o tamanho e a sofisticação do mercado interno para diferenciar-se na concorrência internacional. Segundo a consultoria, a estratégica para ampliar a presença do país nesse mercado consiste em estimular a formação de empresas nacionais de grande porte, a formação de recursos humanos, a certificação de empresas e a construção de uma imagem positiva junto aos mercados-alvo e a formadores de opinião.
A.T. Kearney listou os pontos fortes e fracos do Brasil frente aos concorrentes na área de offshoring. De acordo com a consultoria, o país está à frente da Índia e da China em vários fatores do ambiente de negócios, principalmente na estabilidade do ambiente social e político. Além disso, avalia que a proteção dos direitos de propriedade intelectual e contra a pirataria de software são relativamente mais eficazes no Brasil do que na Índia e na China.
A consultoria também sustenta que a infra-estrutura de tecnologia da informação e comunicações é melhor do que as da Índia e da China, além do fato de o Brasil apresentar taxas elevadas de expansão da internet e na adoção de tecnologias da informação e de os salários do setor de TI serem mais competitivos.
Alguns dos pontos que colocam o Brasil em desvantagem, segundo a consultoria, são a pequena disponibilidade de formandos em carreiras de tecnologia; o fato de as capacitações dos recursos humanos direcionados ao setor de TI serem percebidas como inferiores às de outros concorrentes; o índice menor de certificação do país em relação a Índia e a China; e a elevada carga tributária.
O estudo teve início em maio deste ano e trata da inserção do país no mercado internacional de global sourcing, apontando as oportunidades por setores e submercados, vantagens e desvantagens competitivas brasileiras frente aos países concorrentes, os gargalos para o crescimento presente e futuro e as melhores alternativas de posicionamento.
O ministro do MCT, Sergio Rezende, comentou que o país tem toda a estrutura para realizar grandes negócios e que deve identificar oportunidades. ?O Brasil tem um dos maiores mercados de informática do mundo, e quase tudo é produzido aqui. O que está faltando é identificar a janela de oportunidades e conseguir vender o país nesta área.?
O presidente da Brasscom, Antonio Carlos Gil, acredita que o Brasil precisa investir na capacitação profissional e na atualização das necessidades para se adaptar ao mercado mutante do setor. ?É preciso que se invista na formação de mestres e doutores. No campo da tecnologia da informação um dia é muito tempo, o que você ganhou hoje, amanhã pode ser copiado.?
Carlos Gil informou que pretende realizar um projeto-piloto para ensinar o inglês técnico, focado em TI, e um plano conjunto de marketing, com materiais de propaganda e divulgação para se vender a marca Brasil no exterior.