A transformação digital da administração federal colocou o Brasil na 7ª colocação mundial de digitalização de serviços públicos, em um movimento ainda mais acelerado com as imposições da pandemia de Covid-19. Mas como destacou o ministro do Tribunal de Contas da União, Aroldo Cedraz, ao participar nesta segunda, 6/12, do primeiro dia do 5×5 Tec Summit, é preciso que o Estado equilibre o esforço feito no 'balcão' com as estruturas internas e capacitação.
"O serviço de digitalização foi concentrado no serviço de atendimento direto ao cidadão, sem investimentos de mesma monta nos processos de trabalho que dão suporte a tais serviços. Embora seja uma iniciativa louvável e oportuna frente ao cenário da pandemia, não basta reformar apenas a fachada do edifício", destacou Cedraz. "Apesar dos avanços, ainda existem pontos que exigem especial atenção, como aponta a auditoria que fizemos em 2020", advertiu.
Pessoalmente envolvido em diferentes análises da Corte de Contas sobre a transformação digital no Poder Público, o ministro Cedraz apontou para a importância de o governo federal garantir orçamento e pessoal para atividades de sustentação desse movimento. No caso mais recente, o ministro foi relator do Acórdão 2279/21, que foca especialmente na interoperabilidade de sistemas e no compartilhamento de dados entre órgãos. "Não podemos cair na burocracia 100% digital", reforçou.
"A verdadeira transformação digital de um país vai muito além da digitalização de serviços. Como mostra o levantamento que a ONU faz a cada dois anos, há fatores que estão sendo negligenciados no país: a infraestrutura de acesso aos serviços e os investimentos em capacitação da sociedade, da população. Em 2020, éramos o 20º país mais avançado na digitalização de serviços, mas estagnados na dimensão de capital humano e nossa colocação em infraestrutura cai ano após ano", pontuou o ministro do TCU.