A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) enviou à Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), sediada na fronteira entre a França e a Suíça, memorando de entendimento para formalizar a participação de pesquisadores paulistas no Worldwide LHC Computing Grid (WLCG), consórcio de colaboração global que reúne mais de 140 centros de computação científica em 35 países.
O objetivo do WLCG é fornecer e manter a infraestrutura de análise e armazenamento de dados de toda a comunidade de física de altas energias que participa dos experimentos do Large Hadron Collider (LHC, ou grande colisor de hádrons), o maior instrumento científico já construído. O acordo entre Fapesp e Cern também envolve a Universidade Estadual Paulista (Unesp).
"O memorando formaliza a participação dos cientistas do estado de São Paulo na colaboração global e é condição necessária para que eles possam ter um papel mais definido na colaboração. A Fapesp encontrou uma fórmula jurídica que possibilitou a assinatura no curto prazo a partir do momento que o assunto não foi apresentado", disse Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.
De acordo com Sérgio Ferraz Novaes, coordenador do Centro Regional de Análise de São Paulo (Sprace), que participa desde 2006 do WLCG, a assinatura do memorando é condição necessária para que o Cern reconheça a colaboração brasileira no processamento de dados do experimento internacional. O centro de processamento do Sprace é apoiado pela Fapesp por meio da modalidade Auxílio a Pesquisa – Projeto Temático, em projeto coordenado por Novaes.
"Esse documento define o programa de trabalho a ser realizado, a distribuição de funções e responsabilidades e o nível de recursos computacionais que serão disponibilizados para os experimentos do LHC. Apesar de já operar ativamente na estrutura de grid [grade] do Cern há pelo menos três anos, a participação do Sprace não era oficialmente reconhecida pelo Cern por falta desse memorando", disse ele à Agência Fapesp.
Novaes, que é professor do Instituto de Física Teórica da Unesp, explica que os colaboradores brasileiros – aglutinados em torno de clusters (conjuntos de computadores) localizados na Unesp e na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) – vinham sendo cobrados pelo Cern desde 2005 pela formalização de sua participação.
Ele explica que o LHC deverá produzir cerca de 15 petabytes (quatrilhão) de dados anualmente, que serão distribuídos ao redor do mundo por meio da arquitetura de processamento distribuído em grid. O cluster primário (Tier-0) está localizado no Cern e será responsável pelo armazenamento dos dados capturados pelos sistemas de aquisição de dados dos experimentos em fita magnética. "Após o processamento inicial, esses dados serão distribuídos para os centros nacionais (Tier-1), que possuem enorme capacidade de processamento e armazenamento, operando em regime ininterrupto de 24 horas por dia e sete dias por semana para dar suporte a toda a estrutura do grid", disse.
Os centros Tier-1 estão localizados na França, Alemanha, Itália, países nórdicos, Espanha, China, Inglaterra e Estados Unidos. O Brasil, por não possuir um centro desse nível, tem sua participação associada ao Tier-1 norte-americano, localizado no Fermi National Accelerator Laboratory (Fermilab) em Chicago.
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