A fabricante chinesa de computadores pessoais Lenovo está estudando aumentar os preços de seus produtos e adotar outras medidas para fazer frente a queda da libra esterlina e às incertezas econômicas causadas pela decisão da Grã-Bretanha de sair da União Europeia.
A informação foi dada pelo diretor financeiro da Lenovo, Wai Ming Wong, após a realização da assembleia anual de acionistas da empresa nesta quinta-feira, 7. Sem entrar em detalhes, o CFO disse que a empresa irá tomar as medidas necessárias para manter a rentabilidade.
A justificativa mais óbvia, porém, é que o enfraquecimento da moeda britânica reduzirá as margens para a Lenovo, que compra componentes em dólares.
A empresa, no entanto, não é a única fabricante de PCs a estudar formas de lidar com as consequências da decisão da Grã-Bretanha, que empurrou a libra aos seus níveis mais baixos desde 1985 e alimentou temores de uma recessão. A Dell, por exemplo, pretende elevar os preços em 10% na Grã-Bretanha para lidar com as flutuações, de acordo com site Register.
As empresas do Reino Unido e de outros países também devem reduzir os gastos com tecnologia à medida que avaliam a situação, ao mesmo tempo em que a confiança dos consumidores no país já dão sinais de queda.
A Lenovo tem cerca de um quinto das suas receitas provenientes da Europa, disse Wong. As vendas na Europa, Oriente Médio e África responderam por 26% de sua receita no ano fiscal encerrado em março, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os produtos da Lenovo representam 19% do mercado total de PCs da Europa Ocidental, segundo o analista Thompson Wu, do Credit Suisse.
"Na medida em que necessitarmos repassar as coisas para o cliente, nós o faremos", admitiu Wong. "Entretanto, em vez de simplesmente aumentar o preço para repassar os custos para os clientes, queremos ver outras maneiras de gerar eficiências e crescer o negócio. Então, eu não diria apenas aumentar o preço é a única maneira de lidar com esta situação."
Apesar de estar avaliando o cenário, a Lenovo disse não esperar um grande impacto da "Brexit" — fusão dos termos "british" e "exit" —, que significa a saída britânica do bloco econômico. A empresa disse que tem experimentado grandes flutuações da moeda em toda a América Latina e Europa nos últimos anos e que está familiarizada com formas de gerir a queda do valor de moedas.