Na disputa pelo mercado que cada vez mais busca por computadores mais baratos, potentes e eficientes no uso da energia, a HP apresentou nesta segunda-feira, 8, sua nova linha de servidores, inspirada nos dispositivos móveis, cujo apelo está justamente no custo menor e na alta eficiência energética, com forte influência de dispositivos móveis. Trata-se da linha ProLiant Moonshot, anunciada mundialmente e prevista para estar disponível no Brasil em maio. É um tipo de servidor definido por software, voltado basicamente para provedores de serviços e aplicações web. Como os servidores têm mais núcleos, foi necessário desenvolver um novo software de gestão dos processadores.
"Não estamos propondo a substituição da arquitetura tradicional em servidores, mas acreditamos ser um novo paradigma, pois trata-se de algo novo e único, o primeiro sistema de servidores baseados em software", diz o diretor da unidade de servidores da HP Brasil, Mauricio Affonso da Conceição. Mesmo apresentada como complementar aos atuais tipos de servidores em blade e rack da empresa, dada a distribuição mundial de servidores hoje, o executivo estima que nos próximos anos essa categoria abocanhe 18% de participação de mercado.
Disponível com valor inicial de aproximadamente R$ 150 mil, a HP pretende chegar a um preço ligeiramente mais baixo no segundo semestre, quando o Moonshot começa a ser fabricado no país. De acordo com Affonso, os benefícios de economia de energia e otimização de processamento justificam o investimento inclusive para médias empresas.
A promessa é reduzir 77% dos gastos totais de propriedade com servidores, ocupar 80% menos espaço físico e consumir 89% menos energia. "O processador Intel Atom é o mesmo utilizado em smartphones e tablets. A arquitetura foi projetada para receber as aplicações web, construída em cima delas, e aí reside a inovação", esclarece o Affonso.
Após a primeira geração, voltada a provedores de serviços e aplicações em grid, a HP pretende aprimorar o novo servidor para empresas de telecomunicações e de jogos online, na primeira atualização da linha, prevista para o terceiro trimestre. No ano que vem, na chamada "terceira onda", o Moonshot irá mirar o segmento de finanças. "Com a velocidade de crescimento dos dispositivos móveis e computação em nuvem, se continuássemos confiando a TI nos moldes tradicionais, o próprio sistema entraria em colapso", justifica o especialista.
Conforme estimativas da HP, 2% de toda energia do mundo é consumida por data centers. Nesse ritmo, de três a cinco anos, esse percentual poderia chegar a 7%. "Para a sobrevivência da tecnologia, encaramos como necessária esse tipo de evolução", finaliza Affonso.
A HP deposita no Moonshot grande parte de seu esforço de recuperação. Faz cerca de um ano e meio que esses servidores vêm sendo desenvolvidos — o conceito do Projeto Moonshot foi anunciado em novembro de 2011. Segundo declarações recentes da CEO da HP, Meg Whitman, o principal pilar da reestruturação da empresa e da retomada dos níveis de lucratividade é a pesquisa e desenvolvimento (P&D), cujo orçamento foi mantido apesar dos cortes generalizados em diversos departamentos. Por isso, a empresa frisa o aspecto disruptivo da nova tecnologia em um dos mercados no qual acumula maior experiência.
Logo após o anúncio, contudo, as ações da HP na bolsa eletrônica Nasdaq registraram ligeira queda. Por volta das 15h (horário de Brasília), a desvalorização era de 0,59%, com papéis cotados a US$ 21,84 cada.