Desde que estreou na bolsa eletrônica Nasdaq, há pouco mais de dois anos, o Global X Social Media Index ETF (SOCL), primeiro fundo de ações para redes sociais negociado em bolsa, criado pela Global X Funds, nunca havia experimentado tempos tão difíceis. O índice, composto por 27 empresas, teve um início de ano fraco devido a um grande volume de vendas de ações dessas empresas e vem enfrentando forte desvalorização nas últimas semanas em razão, principalmente, dos maus resultados apresentados por Twitter e LinkedIn no primeiro trimestre.
A depreciação dos papéis do fundo se aprofundou ainda mais com a divulgação do balanço do Groupon, outro componente do índice, que mostra um aumento de 845% no prejuízo do site de e-commerce local no primeiro trimestre, e o fim do período de bloqueio (lockup period) do Twitter, na terça-feira, 6, que impedia os chamados investidores iniciais e os primeiros funcionários de trocar ou vender seus papéis.
Os papéis do Twitter caíram cerca de 18% na terça-feira, empurrando as ações para um novo período de baixa, enquanto as ações do Groupon recuaram 10,3% no after-hours trading da Nasdaq — negociação após o fechamento do pregão normal, o qual a empresa encerrou o dia com queda de 2,46%.
A perda de US$ 0,04 por ação do Groupon foi até melhor que os US$ 0,07 estimados pela consultoria para investidores Zacks. No entanto, o prejuízo por ação ampliou na base anual. A receita de US$ 757,6 milhões do site de e-commerce, que representa um crescimento de 26% ano sobre ano, também ficou acima da estimativa da consultoria, de US$ 734 milhões.
A empresa prevê que o lucro ajustado deve atingir um ponto de equilíbrio no segundo trimestre, com ganho por ação de US$ 0,02 e receita entre US$ 725 milhões e US$ 775 milhões. Já a Thomson Reuters projeta um lucro por ação de cerca de US$ 0,03 para o segundo trimestre e receita de US$ 754 milhões.
Em relação ao Twitter, os analistas de Wall Street avaliam que o pessimismo dos investidores em torno da supervalorização das ações de internet é o que tem gerado especulação no mercado.
Embora o Twitter tenha ficado fora das dez empresas com maior participação no índice SOCL, a intensa pressão por aumento da receita da rede de microblogs, bem como do Groupon, gerou impacto no desempenho do fundo, com os investidores se mostrando bastante céticos em relação o real poder de fogo das mídias sociais. O fundo recuou 3,78% no pregão de quarta-feira, 7.
Diante de tal contexto, analistas sugerem aos investidores cautela em relação aos investimentos em mídias sociais, exceto, é claro, aquelas cujas ações são consideradas "de primeira linha", com alta liquidez, como Google, Facebook e Yelp. Na verdade, dizem eles, o atual momento pode ser uma boa oportunidade para adquirir ações do fundo SOCL, embora o rating da Zacks ETF Rank, de modo geral, classifique a compra de ações das empresas que compõem o SOCL como de risco elevado.
Quem é quem no fundo de ações
O índice SOCL reúne empresas de todo o mundo envolvidas em algum aspecto com a indústria de mídia social e investe US$ 128,3 milhões de ativos de 27 empresas, a maioria delas empresas menores. As empresas chinesas são as que têm maior participação no produto com uma fatia de 36,92%, seguidas pelas americanas (26,31%), japonesas (19,47%) e russas (9,5%).
É ilustrativo que entre as dez empresas com maior participação no fundo apenas quatro sejam bastante conhecidas — Google (que responde por 4,75% de participação), Groupon (4,75%), a chinesa Tencent Holdings (10%) e a russa Yandex (4,75%). As demais incluem nomes como Sina Corp. (10%), Dena (10%), Netease (10%), Gree (8%), Mail. Ru (4,75%) e Renren (4,75%).
Mesmo assim muitos criticam a exposição do índice a empresas que não redes sociais puras, como o Google. O que muitos se perguntam, porém, é porque as vedetes das redes sociais Facebook e Twitter não aparecem no ranking das dez mais.
O SOCL perdeu quase 17,6% até o momento e analistas preveem mais volatilidade nos próximos meses. Com informações do site Zacks.com.