Sistema permite diagnóstico de doenças respiratórias pela internet

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O Censo 2010 do IBGE concluiu que a população da cidade de Piraí, no estado do Rio de Janeiro, é composta por 26.314 habitantes, sendo 3.025 com idade entre 50 e 100 anos. Este perfil levou o município a receber o piloto do projeto de Teleintegração para Imagens Radiológicas TIPIRX, desenvolvido pelos Pesquisadores do Núcleo de Computação de Alto Desempenho (Nacad) da Coppe, em maio de 2008.
O projeto inclui o software scanRX, que promete tornar mais acessível o diagnóstico de doenças respiratórias no Brasil, e o scanner Microtek ScanMaker i800.
A finalidade do projeto é a implantação do serviço de telerradiologia de baixo custo em todo o país, capaz de auxiliar no diagnóstico pela internet. A nova ferramenta promete menor custo, maior rapidez e eficiência no diagnóstico de doenças respiratórias, principalmente em regiões distantes dos grandes centros urbanos que carecem de especialistas.
O kit com scanner e software já foi instalado em Piraí e a resposta tem sido muito positiva, segundo a equipe da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, responsável por mensurar os benefícios do projeto no local. Foram diagnosticados 17 casos de tuberculose na cidade, que já estão sendo devidamente tratados.
Também estão em curso pesquisas em outros municípios e o treinamento dos teleconsultores nos hospitais universitários (médicos, professores e médicos-residentes) e dos médicos e técnicos nas localidades. A fase de capacitação e treinamento tem duas etapas: inclusão e radiologia digital acompanhada de laudo e segunda opinião médica. Para que isso seja abrangente o suficiente e seja sustentável no médio prazo, estão agregados grupos de radiologistas das três universidades envolvidas no projeto: além da equipe da UERJ, os doutores Paulo Bahia e Alair Sarmet dos Santos, chefes dos Serviços de Radiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Universidade Federal Fluminense (UFF), respectivamente, também acompanham os testes na cidade.
Sob a coordenação do professor Amit Bhaya, do Programa de Engenharia Elétrica da Coppe, o scanRX foi desenvolvido com financiamento da Finep. Para facilitar a implantação do TIPIRX em todas as regiões do país, o sistema da Coppe foi estruturado com linguagem simples e, segundo a empresa, pode ser operado até mesmo por iniciantes em informática.
Os pesquisadores também buscaram soluções de baixo custo, inclusive na opção de equipamentos necessários para uso do sistema. Um exemplo é a substituição do scanner especial, tradicionalmente utilizado pela radiologia, por outro mais comum.
"Desenvolvemos uma metodologia para que o nosso sistema possa ser utilizado tanto pelos médicos como pelos técnicos das unidades de saúde. Para acessá-lo, basta que o posto tenha um computador com conexão à internet e um escâner comum, com iluminação na parte superior interna, que é o adequado para digitalizar material transparente, a exemplo dos filmes", afirma Amit.
O scanRX monta automaticamente a imagem de um filme de raio X, após esta ter sido escaneada em partes, e a comprime para viabilizar sua transmissão pela internet, mesmo em locais de conexão lenta. "O grande impacto esperado é a aceleração do diagnóstico das doenças pulmonares, com destaque para a tuberculose, que é ainda um grave problema na saúde pública", diz a professora Alexandra Monteiro, da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e coordenadora geral do projeto TIPIRX.
"Além disso, tendo em vista as dimensões continentais do Brasil e o número limitado de radiologistas brasileiros, soluções como estas, poderão permitir maior rapidez no atendimento à população", afirma a professora Alexandra Monteiro, da UERJ, coordenadora também do Núcleo RJ do Programa Telessaúde Brasil.
Projeto Piloto
O profissional do posto de saúde de Piraí escaneia o filme do exame de raios X convencional em até quatro partes, se for necessário, para ajustá-lo à dimensão do scanner. O usuário é guiado por uma interface que informa o número de passos e movimentos necessários para a aquisição correta da imagem parcial e também mostra como o filme deve ser exposto no escâner para evitar erros na identificação da imagem.
Após a etapa inicial, o ScanRX faz a costura das imagens, gerando uma única figura digital compactada, entre 75% e 86%, suficiente para manter a definição e não comprometer os detalhes. O próprio software grava a imagem em pasta padronizada com as informações do médico e do paciente fornecidas pelo usuário. "Nenhum desses procedimentos requer intervenção ou conhecimento específico do usuário, tanto em informática como em radiologia", afirma o professor Amit, também coordenador técnico do TIPIRX.
Para concluir o processo, a imagem digitalizada do exame é anexada a um formulário eletrônico, desenvolvido no Núcleo RJ do Telessaúde Brasil, e enviada a uma equipe de teleconsultores dos serviços de radiologia, como a do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ. Após análise, a resposta é devolvida no mesmo formulário para que o médico possa obter o diagnóstico final e medicar o paciente, se necessário na hora.
Segundo o professor Bhaya, não foram necessárias grandes alterações no parque de informática dos postos médicos de Piraí, já que o software não necessita de um sistema robusto para executá-lo. "É um produto fácil de usar e que exige poucos recursos computacionais", afirma.
A única mudança feita no parque computacional foi a substituição das máquinas de scanner. Antes eram usadas um Scanner A3, para radiografias grandes como do tórax, que custava cerca de R$ 15 mil, e o Scanner Microtek MED 6000 (específico para digitalização de imagens médicas) de cerca de R$ 20 mil, agora, graças ao projeto, são utilizados os Scanners Microtek ScanMaker i800 que custam por volta de R$ 2,5 mil.
Expectativa
A expectativa das universidades, segundo o doutor Alair Sarmer dos Santos, que também é vice-presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia, é que haja uma mudança de cultura, utilizando a novas tecnologias para interagir com o máximo de pessoas possível, em qualquer cidade do Brasil. A partir deste mês O TIPIRX também será usado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Tijuca e estendido a sete outras UPAs na cidade do Rio de Janeiro.

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