Por mais que muitos não queiram nem saber o que aconteceu em outras épocas, tendo foco apenas no que virá, a duras penas estes descobrem que, geralmente, é impossível entender o presente e planejar o futuro sem conhecer o passado.
Há não mais de três décadas, o sistema educacional brasileiro era composto por um ensino básico forte, um ensino médio profissionalizante (que despejava profissionais de excelente qualidade no mercado de trabalho) e um ensino superior elitizado.
A professora, o contador e o enfermeiro eram formados no ensino médio e, em sua grande maioria, em concorridíssimas escolas públicas. O ensino superior era atendido fundamentalmente pelas faculdades públicas muito concorridas e por poucas faculdades privadas que, pelo seu alto preço, elitizavam ainda mais o nível superior.
Muitos intelectuais pregam: "não devemos comparar o Brasil com os outros países do mundo apenas com ele mesmo".
Francamente não sei o que é pior: comparar o Brasil com os outros ou compara-lo com ele mesmo, todas as comparações tendo como base a educação são de entristecer.
As péssimas políticas educacionais e a necessidade do aumento da escolaridade da população a todo preço provocou uma perversa proliferação das "uniesquinas" e uma crescente mortandade dos cursos profissionalizantes de nível médio.
A situação de sucateamento, má gestão e comotização do ensino superior continuam a fazer suas vítimas. Desta vez atingiu uma das maiores faculdades particulares do país, a Gama Filho, no RJ, que foi à falência, deixando sem saber o que fazer milhares de alunos que acreditavam que um diploma de nível superior pudesse mudar sua vida.
Infelizmente a conscientização da população sobre um ensino que realmente faça diferença para a sua vida profissional está muito longe de acontecer. O resultado desta cegueira acadêmica reflete-se na vida corporativa. Muitas empresas estão exigindo formação superior para posições que há não muito tempo eram executadas por profissionais com formação fundamental.
Será que as atividades ficaram mais difíceis ou a formação dos profissionais está calamitosa?
A resposta é obvia: peça para um universitário recém-formado fazer uma interpretação de texto e avalie o resultado.
Soluções para esta situação existem inúmeras. Porém são todas absolutamente contrárias aos anseios dos governantes. Tirar o povo da escuridão educacional colocando luz na realidade brasileira provocaria sérias rupturas nos feudos instalados secularmente no Brasil.
É utópico sonhar, em curto prazo, com mudanças em larga escala, mas é possível orientar as pessoas que nos rodeiam, seja em casa ou no trabalho, a escolher instituições de ensino não baseadas apenas pelos preços ou facilidades de pagamento, mas principalmente pela relevância que seu diploma tem para o mercado de trabalho.
Alberto Marcelo Parada, formado em administração de empresas e análise de sistemas, com especializações em gestão de projetos pela FIAP. Já atuou em empresas como IBM, CPM-Braxis, Fidelity, Banespa, entre outras. Atualmente integra o quadro docente nos cursos de MBA da FIAP, além de ser diretor de projetos sustentáveis da Sucesu-SP