A política de o funcionário trazer o próprio smartphone para uso corporativo (BYOD — bring your own device, ou traga seu próprio dispositivo) é utilizada por 38% das empresas brasileiras entrevistadas pela IDC em sua mais recente pesquisa sobre mobilidade corporativa. Destas, somente 40% utilizam alguma ferramenta de gerenciamento de dispositivos. O estudo foi feito com 288 profissionais entre agosto e setembro de 2013.
Em 2011, a política de BYOD no país era adotada por 42% das empresas. Em 2012, a porcentagem caiu para 30%, e em 2013, voltou a crescer para 38%. "A partir de 2012, houve uma queda no uso de dispositivos nas empresas, pois elas pararam para entender e criar uma estratégia de mobilidade. Depois que as políticas começaram a ser mais compreendidas, houve o crescimento de novo neste ano", explica o analista de mercado da IDC Brasil, Bruno Freitas.
Apesar de a adoção do BYOD no país ser cada vez mais crescente, as aplicações corporativas ainda não decolaram no mercado brasileiro. Das empresas com mais de 250 funcionários, só 19% utilizam algum tipo de aplicação corporativa móvel. Nas empresas com menos de 250 funcionários, essa porcentagem cai para 12%. A maioria dos funcionários acaba usando tablets e smartphones para checar e-mails e acessar a internet.
Os dados também apontam que 27% das companhias respondentes permitem o acesso a informações corporativas em tablets. A consultoria registrou que 18% das vendas de tablets no Brasil no segundo trimestre deste ano foram para o segmento corporativo e para governos.
O uso de tablets impactou o consumo de PCs e notebooks. Após comprarem um tablet, 44% dos usuários de desktops diminuíram o uso do PC em 32%, enquanto 33% dos usuários de notebooks reduziram seu uso em 26%. Embora o uso de computadores deva cair, a previsão é que eles não sejam substituídos pelos tablets. "O formato dois em um está evoluindo. São aqueles dispositivos híbridos, ultrafinos, com tela touch, ultrabooks, com telas de dez a onze polegadas e longa duração de bateria. Eles estão ganhando bastante espaço no mundo corporativo, são ideais porque combinam tablets e PCs", afirma o gerente de produtos para tablets e smartphones da Intel para a América Latina, Rodrigo Tamellini.
CYOD
O estudo da IDC concluiu que a mobilidade corporativa não é mais uma opção, e que as empresas deverão se adaptar, balanceando benefícios e riscos, criando políticas efetivas de BYOD e de mídias sociais. "Não existe uma regra, depende muito da empresa e da área de negócios em que atua", diz Freitas.
A Intel recomenda o uso da política de CYOD — choose your own device, ou escolha o seu próprio dispositivo. Em vez de deixar o funcionário trazer qualquer tipo de dispositivo para trabalhar, a empresa oferece um leque de aparelhos recomendados, mantendo a flexibilidade demandada pelo usuário e a segurança exigida pela equipe de TI. "O conceito de CYOD ainda está sendo definido, mas está surgindo por meio de grandes corporações. O desafio delas é trazer um dispositivo que o funcionário queira usar. A empresa tem que seguir tendências: não adianta querer trazer dispositivos de dois, três anos atrás", afirma Tamellini, da Intel. Segundo o executivo, essa tendência deve se espalhar primeiro nos Estados Unidos e na Europa, para depois chegar aos mercados emergentes.