O pacote de benefícios para indenização de presidentes executivos (CEOs) demitidos de algumas empresas americanas, em especial da área de tecnologia, é de deixar qualquer um torcendo para receber o bilhete-azul. A cifra, “para convencer esses executivos a se aposentarem”, pode atingir a casa dos US$ 100 milhões – ou mais –, o que tem causado certo desconforto, mesmo entre aqueles acostumados a salários extremamente polpudos.
Executivos que irão se afastar, como o presidente e CEO da IBM, Sam Palmisano, que deixará a empresa em 1º de janeiro, ou que renunciaram ao cargo recentemente, como Eric Schmidt, que deixou a presidência do Google em abril passado, colocarão no bolso US$ 170 milhões e US$ 100 milhões, respectivamente, de acordo com uma nota publicada pelo USA Today, nesta terça-feira, 8. É claro, como no caso de Schmidt e Palmisano, que boa parte desse dinheiro será pago em ações da empresa. De todo modo, vai garantir a eles uma aposentadoria mais que tranquila.
Mas o incômodo não deixa de existir, em razão principalmente dos Estados Unidos estarem vivendo um período de retração da economia e de desemprego em massa, o que abriu margem para que movimentos como o Occupy Wall Street ganhasse força nos últimos tempos. Além disso, essas cifras se contrapõem totalmente ao receituário de especialistas em governança corporativa. "Enquanto os contratos e desempenho desses CEOs são diferentes, eles não fazem nada para servir a opinião pública em momentos como estes", disse ao jornal americano Eleanor Bloxham, da consultoria The Value Alliance.
O gigante das buscas na internet pagou US$ 100 milhões em ações a Schmidt depois que ele foi alçado a presidente executivo, embora ele já tivesse uma participação acionária na empresa de mais de US$ 5,5 bilhões. Como presidente, ele poderia aumentar em US$ 7,25 milhões por ano esta cifra.
Dos mais de US$ 170 milhões que Palmisano vai embolsar, US$ 76 milhões são dos chamados pagamentos diferidos ou acumulados, US$ 65,7 milhões serão em ações, além de uma pensão de US$ 29,7 milhões.
Vários outros CEOs receberam pagamentos polpudos ultimamente, em razão de fusões de empresas. O CEO da Motorola Mobility, Sanjay Jha, colocou no bolso mais de US$ 65 milhões após compra da empresa pelo Google.