Por curiosidade, dia desses recorri a uma das sensações do momento, o ChatGPT, a fim de conferir o que a inteligência artificial me responderia sobre "transformação digital no food service", no Brasil.
A resposta veio em cinco parágrafos, traçando um panorama sucinto, mas satisfatoriamente completo. Abordou a intensificação da digitalização, imposta pelo cenário de isolamento social da pandemia de covid-19, e que aprimorou principalmente as soluções oferecidas por bares, restaurantes e similares a seus clientes.
Citou a expansão das plataformas de entrega, dos aplicativos desenvolvidos pelos próprios estabelecimentos, e ainda inovações como cardápios digitais e formas de pagamento.
Não deixou de tratar também dos sistemas de gestão integrada, "que permitem que os restaurantes controlem e monitorem todos os aspectos do negócio, desde a gestão de estoque e pedidos até o gerenciamento de finanças e a análise de dados", nas palavras do ChatGPT.
Este ponto, a inteligência artificial classificou como uma "tendência".
Não usaria tal termo, mas é possível inferir que o ChatGPT quis dizer que se trata de algo ainda em processo. Agrego dizendo que se impõe como um passo seguinte, indispensável, a ser dado pelos empreendimentos de alimentação fora de casa.
Um estudo recente do Instituto Foodservice Brasil e da Cognitive Media Science com empresas do setor aponta que 65% delas ainda se limitam à aplicação de inovações mais convencionais, com "pouca capacidade digital".
Essas empresas ainda se encontram na classificação "iniciante" dada pelo estudo, no que tange à transformação digital. Outras 20% são definidas como "conservadoras", por restringirem inovações atreladas à segurança, e não à inovação propriamente dita. Só 13% são, de fato, "digitais". Os demais 2% estariam entre as que o levantamento chama de "fashionistas" – lançam mão de recursos digitais que pouco geram valor.
Enfim, o food service brasileiro precisa dar esse salto rumo a uma transformação digital plena. Uma digitalização não apenas na relação com os consumidores e clientes, mas, também, e principalmente, em processos internos.
Existem no mercado, plataformas que possibilitam controlar com precisão cada aspecto do backoffice, trazendo impactos positivos na gestão dos custos e de recursos do negócio. Saber quanto cada prato leva de insumos? O que precisa ser reposto no estoque, e para quanto tempo? Qual o melhor fornecedor? Qual é o ticket médio? Quais são os gargalos? Em que é necessário investir? O que é importante cortar? São dúvidas que um ERP ajuda a responder.
O bom sistema de gestão, que promove a transformação digital, automatiza processos, reduz erros, aumenta a produtividade, cria integrações entre as áreas da empresa e com parceiros externos e gera dados concretos que apoiam o funcionamento pleno do estabelecimento. O chef trabalha tranquilo, sabendo que não lhe faltará matéria-prima. O cliente não se frustrará ao pedir um prato e ouvir como resposta "estamos sem tal ingrediente". E o empresário consegue respirar e pensar no próximo passo em direção ao crescimento.
Estamos falando, pois, de transformação digital a serviço do público e para o bem da viabilidade do negócio. Com clientela satisfeita e com todos os custos controlados, o empresário do ramo tem receita e impulsiona sua lucratividade.
É o próximo passo. Não por modismo, nem por status. Mas por profissionalismo.
Eduardo Ferreira, CCO da ACOM Sistemas.