Inteligência artificial: é necessário mudar a cultura

0

Embora não seja necessariamente uma novidade, já que há registros dos primeiros desenvolvimentos ainda na década de 50, a inteligência artificial tem agora ganhado todos os holofotes. A "inteligência das máquinas" a serviço do ser humano tem alcançado posições em todas as operações das empresas, na tentativa de agilizar e otimizar rotinas cruciais de diversos departamentos e auxiliar na melhor tomada de decisão.

Uma lição aprendida pelos líderes empresariais, durante a pandemia, quando praticamente todas as empresas tiveram que passar por algum grau de adaptação de processos e acelerar sua transformação para um ambiente totalmente digital. Algumas mais ágeis e determinadas, assumiram o desafio e "viraram a chave" rapidamente, enquanto outras "patinaram na burocracia" e na incapacidade de avaliar corretamente o cenário global. Muitas, nem mesmo após a crise do lockdown e a interrupção da cadeia de fornecimento, conseguiram se adaptar e, irremediavelmente, encerraram seus negócios.

Empresas de setores que sempre investiram em relacionamentos presenciais, como as de educação, formação profissional e vendas B2B, com o lockdown  migraram todos os seus contatos para o ambiente on-line em tempo recorde. O aprendizado foi de que empresas capazes de se adaptar com maior agilidade e maior eficácia lideraram e até cresceram, enquanto as menos ágeis sofreram migração de clientes para as mais digitalizadas. Essa é a diferença entre evoluir ou sucumbir às novas demandas.

Agora, assistimos um cenário parecido quanto à adoção da inteligência artificial. E mais uma vez responder com agilidade será um diferencial competitivo. Na Salesforce, as equipes já usam a IA para qualificar leads e identificar melhores oportunidades para o time de vendas, com foco em maiores chances de fechar negócios. A IBM gera insights sobre o mercado a partir do uso da inteligência artificial, analisando dados para definir tendências amplas. Já a Hubspot, com ampla integração de IA na sua plataforma, tem automatizado e customizado suas campanhas de marketing por meio da inteligência artificial, analisando comportamentos, criando e personalizando conteúdos e ofertas.

Em vendas B2B, a inteligência artificial já é utilizada para identificar e qualificar as melhores oportunidades, otimizando o esforço, reduzindo o ciclo de vendas e simulando cenários para a construção de estratégias mais eficazes.

Trata-se de proporcionar a melhor jornada de compra, para construir relações duradouras e maximizar o CLV (Customer Lifetime Value).

A disputa, e até a sobrevivência, em um mercado cada vez mais competitivo e disruptivo exige dos CEOs uma visão estratégica da inovação como uma  condição fundamental para a transformação permanente do negócio.  Da mesma forma, a conhecida curva de adoção de inovações demonstra que é preciso ter flexibilidade, persistência e agilidade para incorporar as inovações, sob risco quase inexorável de ser superado pelos concorrentes mais ágeis e adaptados.

Com uma enorme variedade de tecnologias e recursos de inteligência artificial à disposição, em "cloud pay per use", o desafio é saber usar e a maior barreira é a cultura empresarial. Se a transformação de negócios é feita por pessoas, com pessoas e para pessoas, e se a importância da mudança de cultura e de mindset se tornaram os elementos críticos para o sucesso e até sobrevivência das empresas, são seus profissionais e executivos que precisam se adaptar.

Mesmo que os benefícios sejam comprovados, por testemunhos, casos de sucesso e relatórios de consultorias globais, as barreiras estão na cultura organizacional. Frank-Jürgen Richter e Gunjan Sinha, na Harvard Business Review, em um estudo de Agosto de 2020, afirmam que "custos, complexidade e competências são barreiras, mas é a cultura organizacional o que realmente importa na adoção de novas tecnologias". Ou seja, a evolução da IA nas empresas está diretamente envolvida com a mudança de cultura. A pergunta é: vale o "preço" de ficar para trás na corrida com a concorrência?

Clara Franco, professora Fundação Getúlio Vargas Online, Conselheira Consultiva, Consultora de Estratégias de Marketing e Negócios B2B

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

This site is protected by reCAPTCHA and the Google Privacy Policy and Terms of Service apply.