Demissões: o Brasil está imune?

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O mercado de TI pelo mundo não para de emitir sinais preocupantes. As gigantes da área anunciam milhares de demissões pelo mundo, diminuição de produção para ajustar estoques "encalhados", com o agravante de que produtos de alta tecnologia tornam-se obsoletos muito mais rapidamente que outros bens. Mas um ponto tem chamado a atenção nessas notícias: em geral, os planos de redução de quadros não incluem o Brasil. Mas por quê?

Nossa economia está sentindo os efeitos da crise global. O desemprego aumentou, sobretudo na indústria. Nosso governo, que antes apostava em "marolas", agora já está revendo suas posições. Mas é latente o esforço de encontrar boas notícias que mantenham o ânimo da nossa economia, que vinha embalada. O Banco Central fez um importante movimento de baixa da taxa Selic, a Petrobrás fez anúncio de investimentos bilionários, organizações econômicas mundiais afirmam que o Brasil ganha destaque quando o assunto é o quanto cada país sofrerá durante este momento difícil. Afetado, sim, mas dentre as maiores economias emergentes, será o que menos sofrerá impacto, é o que sugerem os estudos dessas agências. Nosso sistema bancário não se mostrou vulnerável à crise de crédito, grande protagonista do momento. Pelo contrário, também deram mostras de vitalidade com novas fusões e aquisições. E se a questão é colher notícias positivas no meio da tempestade, o mercado de TI no Brasil também merece destaque, a começar por essa "imunidade" aos planos de redução externos.

São vários anos de mercado aquecido. As empresas de TI no Brasil, nos últimos anos, enfrentaram problemas com pessoal, sim, mas pela escassez do recurso humano capacitado. De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), faltam 30 mil pessoas capacitadas em TI no país. Em dois anos, esse número deve subir para cem mil. Essa notícia é, por um lado, ruim, já que expõe nossa grave deficiência na formação de mão-de-obra qualificada, mas também não deixa de ser animadora. Afinal, o mercado esteve altamente "comprador", com salários em alta, muita disputa pelas melhores cabeças e até recompensas por indicações de profissionais para as vagas disponíveis. Esse movimento, ao que parece, ainda não se viu significativamente afetado.

Já temos muitas evidências de que nosso barco não está passando por simples marolas. Os pingos mais grossos, aqui e ali, já deixam claro que há tempestades no horizonte. Mas se, diariamente, ouvimos sobre danos tão profundos lá fora e sobre economias em marcha à ré, e por aqui vemos o país se molhando, reduzindo a velocidade, mas ainda navegando para frente, até os menos otimistas podem acreditar que o Brasil sairá mais forte da crise do que seus pares pelo mundo, que terão que recuperar terreno perdido.

Ainda que fundamentalmente financeira, toda crise também tem uma grande parcela de fatores psicológicos, de humor, confiança, quantidade de oferta de boas notícias em tempos ruins. A área de TI no Brasil e seu mercado têm colaborado, segurando suas posições e acreditando ao menos na manutenção da demanda atual. Existe ainda o "fator Obama" no ar, gerador de esperança e grande promessa de reação americana no médio prazo.
Eu acredito muito que nosso guarda-chuva aguentará bem até as aberturas de sol projetadas para 2010.

(*) Rubens De Souza é Gerente de Negócios da DocPath Document Solutions Brasil

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