Data Collaboration: navegando entre privacidade e inovação

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Vivemos um momento em que a humanidade interage com o maior nível de compartilhamento de dados de todos os tempos. Embora pareça algo corriqueiro e muito atual – em que todos estamos imersos em maior ou menor escala – desde os primórdios da civilização o ser humano compartilha dados para facilitar suas transações comerciais, desenvolver tecnologia e avançar em níveis de conhecimento.

De trocas de bens em mercados antigos até as redes globais de comunicação modernas, a colaboração de dados tem sido uma força motriz para o progresso humano ao longo da história.

No entanto, à medida que nos movemos para uma era digital cada vez mais complexa, os parâmetros de privacidade e segurança de dados tornaram-se uma preocupação central. E as regras do jogo precisam acompanhar essas mudanças. As marcas e empresas de tecnologia enfrentam o desafio de equilibrar a inovação com o respeito às regulamentações que regem a preservação dos dados de seus usuários. Dentro desse contexto, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) n° 13.709/2018 é um novo mar em que todos precisamos aprender a navegar.

Então, a principal questão que fica é: como inovar e utilizar o compartilhamento e colaboração de dados enquanto se respeita as novas normas de privacidade e segurança?

Um bom exemplo de tudo que construímos e aprendemos ao longo dos séculos são as companhias aéreas otimizando rotas por meio de dados compartilhados para aumentar sua eficiência, ou bancos que se associam às fintechs com o objetivo de oferecer serviços financeiros cada vez mais inovadores a seus clientes. São tecnologias presentes em nosso dia a dia cujas funcionalidades estão tão atreladas em nossas vidas que as naturalizamos e só percebemos a dimensão da importância quando algum serviço não sai como o esperado ou não existe.

Em meio a tantos debates, a colaboração de dados continua sendo um campo desafiador. As leis de privacidade como o GDPR na Europa e o CCPA na Califórnia  incorporam um movimento global em direção a uma rigorosa proteção de dados. No Brasil seguimos a mesma trilha. Embora protegidos por essas leis, os consumidores de hoje exigem serviços personalizados e cada vez mais conscientes da importância da privacidade nos processos com os quais estamos envolvidos diariamente. Desse modo, um bom desafio é o de entrar em contato com as emoções e necessidades dos usuários, seus valores e anseios, personalizando ao máximo nossas ofertas sem invadir o limite de confidencialidade de cada um. 

Para além das regulamentações, há razões comerciais convincentes para lidar com os dados do usuário de forma mais criteriosa. Um temor das organizações é o de que os dados, ao deixarem seu ecossistema, sigam uma jornada imprevisível e potencialmente perigosa.

Isso porque, dados de usuário nas mãos de outros podem revelar insights estratégicos, inclinando a balança competitiva ou alimentando a oposição por meio de um apoio inadvertido. A ameaça de gráficos de dados derivados e a subsequente exposição da estratégia de mercado ou perfis de clientes não pode ser desprezada. Tais preocupações de segurança e considerações éticas enfatizam a necessidade de uma abordagem cautelosa e tática para esse compartilhamento.

A Vantagem Econômica da Colaboração de Dados

No meio da complexidade estratégica do compartilhamento de dados reside uma valiosa oportunidade de valor econômico. Ao contrário de bens tangíveis, os dados não diminuem com o uso, e sua replicação carrega um custo mínimo. Repleto de potencial, negócios com amplo conhecimento do consumidor, como plataformas de compartilhamento de viagens, hotéis ou até supermercados locais, são  espécies de guardiões de minas de ouro econômicas não exploradas.

Vamos pensar nos menores custos de conjuntos de dados em comparação com os altos custos operacionais do varejo tradicional. A colaboração de dados surge como uma atividade de alta margem, com potencial de contribuir significativamente para a força financeira de uma empresa.

No entanto, para uma colaboração efetiva, as empresas não precisam ser detentoras e especialistas em análise de dados, contando com uma parceria estratégica para isso. Fazer parcerias com organizações que valorizam a privacidade e a inovação, além de serem pioneiras e entenderem de análise de dados para tomadas de decisão, pode abrir novos caminhos para o desenvolvimento e sucesso financeiro de cada empresa.

À medida que os dados se tornam um componente cada vez mais central da estratégia comercial, sua aplicação deve refletir um compromisso com a justiça e o bem maior da coletividade. No mercado em evolução que atribui tamanho valor à privacidade, as companhias devem dominar a arte de desbloquear o potencial de seus dados sem ultrapassar os limites da confiança ou da exposição estratégica.

O cenário atual exige ação. O caminho é  embarcar na jornada de colaboração de dados, aproveitando plataformas que navegam favoravelmente nessas águas complexas. Em uma era onde insights do consumidor equivalem a segredos comerciais, o uso criterioso de tais informações não é apenas uma vantagem competitiva — é essencial para a sobrevivência do negócio.

Essa colaboração não é apenas uma estratégia comercial. Trata-se da continuação de um legado tão antigo quanto a própria humanidade, definido pela crença no poder coletivo do conhecimento compartilhado. O futuro dos benefícios comerciais pertence àqueles que reconhecem o potencial da cooperação, bem como protegem sua importância, além de usar todo esse poder de maneira responsável. É hora de as empresas contribuírem para este legado, impulsionando a inovação, o crescimento e a criação de valor em uma era onde a ascensão passa por essa estrada e a moeda do desenvolvimento é o compartilhamento de dados.

Edik Mitelman, General Manager of Privacy Cloud na AppsFlyer.

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