A 23ª edição do Global Capital Confidence Barometer, da EY, revela que, em níveis globais, as empresas estão satisfeitas com o desempenho alcançado durante a pandemia, mas reconhecem que precisam continuar investindo em busca da recuperação, apesar da receita e do lucro terem sido atingidos (88% e 92%, respectivamente),
Em meio à crise, 63% das empresas planejam uma estratégia voltada à revisão de portfólio, com foco no investimento em recursos digitais e de tecnologia centrados no cliente. O estudo aponta que as fusões e as aquisições se mostram como a opção estratégica preferida para 49% nos próximos 12 meses, visto que as empresas buscam acelerar o crescimento pós-pandemia.
O cenário no Brasil
No Brasil, os executivos também se mostram receptivos à estratégia voltada a fusões e aquisições, mantendo o foco na transformação digital e visando melhores margens de lucro. Porém, por terem sido fortemente atingidos durante a pandemia, os executivos brasileiros permanecem cautelosos, apesar do aumento da atividade econômica observada no início de 2021, e por isso acham que a recuperação levará mais tempo.
O estudo aponta que, para 86% desses executivos, houve queda significativa nas receitas e na lucratividade das empresas em meio à pandemia da Covid-19, como consequência da paralisação da economia do Brasil. Com uma segunda onda do vírus se espalhando de forma contundente pelo país, a pandemia ainda é vista como sendo o maior risco para o crescimento dos negócios.
Em relação à recuperação econômica, apenas 17% (contra 46% em nível global) esperam ver as receitas voltando aos níveis anteriores à pandemia ainda em 2021. Outros 52% acreditam que isso só será possível a partir de 2022. Quanto à lucratividade, os executivos brasileiros creem que ela será possível em 2022 (28%) ou 2023 (38%).
"No Brasil, cenário será desafiador para as empresas, com a pandemia em andamento, alta da inflação e todas as expectativas que envolvem a eleição presidencial de 2022. Se parte dos executivos brasileiros acredita que a recuperação do país levará mais tempo, eles demonstraram níveis satisfatórios de confiança, baseada na crença de que o Brasil se encontra em uma situação temporária", explica o sócio da EY-Parthenon Strategy Practice, Eduardo Tesche.
Foco na tecnologia e no digital
Quanto aos investimentos necessários para ajudar na recuperação, o foco no digital e na tecnologia foi apontado como o motor da estratégia de crescimento. O estudo mostra que os esforços empenhados na transformação digital durante a pandemia tiveram um desempenho melhor do que a concorrência para 32% dos executivos, mas 35% deles consideram que o desempenho foi abaixo do esperado.
Nesse cenário, o uso de tecnologia e de automação, visando à melhoria das margens de lucro e da escalabilidade e a substituição da mão de obra de alto custo, é uma opção considerada por 28% dos executivos brasileiros entrevistados, sendo que 27% almejam fazer uso das plataformas digitais no intuito de melhorar as interações com os clientes.
Fusões e aquisições
Na comparação com o cenário pré-pandemia, os executivos se mostraram mais cautelosos em relação às estratégias baseadas em fusões e aquisições.
Se antes os planos de compras em 2020 era uma das grandes prioridades para 66% dos executivos, o cenário mudou e as ações de M&A permanecem nos planos de 43% dos executivos nos próximos 12 meses. Nesse grupo, para 69% das empresas brasileiras, a tendência é que haja uma propensão a fusões e aquisições visando ao mercado interno.
O estudo é produzido regularmente com executivos de grandes empresas em todo o mundo e tem como objetivo medir sua confiança em relação às perspectivas na economia, identificar tendências e práticas, além de analisar de que maneira as empresas podem se preparar para o futuro.
Para a edição atual, foram entrevistados mais de 2,4 mil executivos, entre novembro de 2020 e fevereiro de 2021, integrantes de empresas de 52 países e de 15 setores da economia, tais como serviços financeiros, telecomunicações, consumo e varejo, tecnologia, mídia e entretenimento, saúde, transporte e energia, entre outros. Do total de entrevistados, cerca de 2 mil são executivos C-level.