A importância dos data centers em uma economia totalmente conectada

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A utilização de ferramentas, a exemplo da Inteligência Artificial, está cada vez mais presente na nossa vida, tornando-se fonte de consulta e até de inspiração. Isso sem falar de todas as opções tecnológicas das quais hoje nem pensamos em abrir mão, a maioria delas concentradas no celular, que é o nosso banco digital, ambiente de compras, central de streaming e de documentos.

Dentro de casa, contamos com uma assistente virtual para agilizar nossos pedidos por músicas, canais de TV ou outras informações. No ambiente de trabalho, o armazenamento em nuvem oferece segurança e agilidade às companhias. E as conferências virtuais são a maneira mais rápida para se fazer reuniões e definir temas importantes.

Tudo o que hoje faz parte do nosso cotidiano seria impossível sem a instalação dos data centers, que consistem em instalações físicas que hospedam aplicativos e dados, com a estrutura de computação necessária para que todos os segmentos funcionem no país: Governo, Indústria, Educação, Saúde e Empresas.

O Brasil conta hoje com cerca de 181 data centers. Representamos 50% dos investimentos do setor na América Latina, com a perspectiva de atingir um investimento total de US$ 2,07 bilhões até o encerramento de 2024. No entanto, ainda precisamos de mais investimentos para oferecer suporte à demanda tecnológica e à possibilidade de crescimento econômico da região, assim como ser alavanca de exportação de serviços digitais e geração de novos negócios.

O país tem plenas condições de disputar a atração de investimentos e de ser um hub de armazenamento, processamento e exportação. Geograficamente, estamos em um ponto estratégico, próximo dos principais centros comerciais da América do Norte e da Europa. Nossos recursos energéticos vêm de fontes renováveis e diversificadas e que são referência internacional no contexto tecnológico, o que traz soluções para as demandas de sustentabilidade cada vez mais buscadas por empresas e investidores.

O Brasil é ainda um mercado digital em acelerada expansão, com uma das maiores bases de usuários conectados à internet e massa crítica historicamente conhecida pelo desenvolvimento de soluções digitais em grande escala.

Apenas em 2023, os setores de Tecnologia da Informação e Comunicação, TI In House e Telecom foram responsáveis por 6,5% do PIB, com produção setorial de R$ 710 bilhões, como apontam dados da Brasscom – Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais.

No entanto, é preciso haver políticas públicas para que essa implementação ocorra para atender às constantes mudanças da sociedade. Um exemplo prático: nossos dados financeiros têm obrigação legal de estarem no Brasil. Porém, em todo data center, é preciso contar com redundância, ou seja: a repetição de equipamentos vitais que cumprem a mesma função. E esse armazenamento demanda altos custos, o que leva instituições a levarem essa redundância para fora do país, na busca de melhores oportunidades de custo-benefício.

Em 2023, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançaram um estudo sobre o desenvolvimento de data centers no país. O diagnóstico marcou o início da elaboração de uma política nacional para ampliar a oferta interna e transformar o país em um hub exportador desse tipo de serviço. O estudo também destaca orientações para fortalecer o segmento no país, como redução de custos de investimento e operação; elevação da segurança do fornecimento de energia para ampliação da oferta e acesso à energia renovável; formação de mão de obra qualificada para data centers e de tecnologia em geral; elevação da segurança jurídica; acelerar investimentos e reduzir riscos; estímulo à demanda; e criação de um canal de comunicação dinâmico entre o setor público e privado.

O compromisso compartilhado é fundamental para que o Brasil possa explorar todo o potencial existente para se fortalecer nesse setor. Outros países já viram as oportunidades e investiram em políticas públicas consistentes. Um exemplo é o nosso vizinho Chile, que projeta investir R$ 12,8 bilhões apenas nesse segmento, o que é parte de um Plano Nacional que espera a chegada de mais 28 data centers – além dos 22 já existentes no país.

Outro bom case é o da Irlanda, que se tornou o segundo país mais rico da Europa ao abraçar a inovação, em um conjunto de iniciativas que mudou o país ao longo de três décadas: implementação de uma carga tributária competitiva; investimento na educação básica e técnica voltada à tecnologia; desburocratização de processos; criação de zonas especiais de investimentos; e formação de alianças multilaterais para a atração desses aportes. Hoje, a renda per capita da Irlanda é de € 79,3 mil, muito acima da média da União Europeia, que é de € 37,6 mil.

No Brasil, temos passos que estão em andamento. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou em setembro do ano passado uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para investimento em data centers no Brasil. A medida integra a Missão 4 da Nova Indústria Brasil, que tem a transformação digital das empresas nacionais como objetivo final.

A nova linha de crédito também conta com recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, gerido pelo Ministério das Comunicações. Projetos nas regiões Norte e Nordeste contarão com taxa de juros a partir de 6,3%, e as demais regiões terão taxas a partir de 8,5%.

Para que essas iniciativas sejam fortalecidas, é preciso contar com esforços conjuntos em todos os setores, para atrair cada vez mais empresas, gerando empregos e tornando nossa infraestrutura cada vez mais robusta e segura.

Os data centers são estratégicos para o desenvolvimento da sociedade brasileira ao representarem a base fundamental para sustentar a inovação tecnológica, crescimento econômico e competitividade internacional do país para uma inclusão digital ainda mais ampla. Precisamos de um ambiente favorável a novos negócios e investimentos, com legislações amigáveis e estáveis, para que a transformação digital ocorra de maneira efetiva, abrangente e com um futuro que represente a plena inovação.

Sérgio Sgobbi,  Diretor de Relações Institucionais e Governamentais na Brasscom, Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais.

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