Quando a transformação digital acontece? E não se enganem: não trata-se de uma simples automatização

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Quando as empresas pensam em transformação digital (TD), na maioria das vezes acreditam que se contratarem um serviço de internet ou se buscarem por um serviço que resolva uma determinada dor, estarão promovendo a transformação de sua operação de forma digital. Mas nesse caso, o que as levou para um patamar digital foi apenas a solução de um problema. E é aqui que muita gente se confunde, pois a TD não é automatizar de forma digital o seu negócio.

Temos que avançar um pouco mais nesse contexto, porque a TD tem relação com uma busca. Afinal, por que eu vou fazer essa transformação? Como é que eu envolvo as pessoas nesse processo? É importante ter em mente, que a mudança que estamos falando  é muito mais de mentalidade do que de processo. E isso significa alterar a mentalidade presente nas corporações, muitas vezes pautadas em operações antigas, como por exemplo com uso de processos em papel e nos quais as pessoas desempenham uma atuação constante.

Muitas empresas iniciaram esse processo transformando o documento rosa num clique de tela, mas para nós aqui a TD é diferente, ela está alinhada a essa mudança de mentalidade. Isso quer dizer que eu não preciso ter alguém dando um clique numa tela para dizer que aquele processo está feito. Eu posso fazer isso de forma sistêmica.

Foi o que a Uber, a plataforma americana que conecta usuários a motoristas parceiros, fez quando iniciou a operação no Brasil. A primeira reação de todos nós foi: "eu não vou usar esse serviço". E o que a Uber fez? Trouxe uma TD no primeiro momento, porque implantou uma plataforma que veio muito mais para transformar a nossa mentalidade do que para aplicar uma nova tecnologia. Ela usou a tecnologia existente e criou a plataforma, mas a sua maior barreira como startup foi convencer todo mundo de que aquilo seria a melhor coisa para facilitar as nossas vidas. E a Uber conseguiu. Por isso, eu digo que a TD não é feita apenas com o uso de soluções tecnológicas ou o aumento de desempenho, com o menor custo ou com boas ideias, mas também, e principalmente, com a transformação da mentalidade.

A TD implica em algo maior e para colocá-la em prática, não basta buscar uma solução de mercado ou pensar em implementar alguma nova ferramenta sem olhar para o resultado final. A inovação aparece nesse momento, ela é o resultado final. O quanto eu ganhei de novo? Quanto eu economizei de tempo das pessoas ou o quanto eu aumentei a minha capacidade produtiva? E principalmente, o quanto melhorei a jornada do meu cliente final? Não adianta transformar algo sem melhorar a experiência do meu cliente ou consumidor final.

Para as empresas de tecnologia e startups que vivem a TD, o ecossistema de inovação é um aliado, pois ele atua encurtando barreiras e facilitando a entrada dos envolvidos em mercados, além de contribuir para o consumo de produtos e serviços por meio de empresas irmãs, que oferecem uma gama de ofertas que complementam a solução buscada direta ou indiretamente.

É o caso do Mercado Livre, por exemplo, que conta com várias operações oferecendo ao usuário tudo o que ele procura em um só lugar. O consumidor nem precisa se cadastrar numa transportadora para pedir por aquele produto, pois o Mercado Livre já oferece isso de forma transparente. A mesma coisa acontece com a Uber. Posso ter o acesso à plataforma de forma transparente e posso utilizar outros serviços oferecidos por ela.

Acredito que essa é a tendência do mercado. Ninguém viverá sozinho daqui para frente e sim conectando soluções, que por sua vez estarão conectadas em ecossistemas. Novas soluções vão nascer e elas precisarão sim ser incluídas ou se incluírem nesse contexto para sobreviverem e isso tudo tem ligação com a TD.

Para concluir, a jornada da transformação digital contém quatro etapas:

A primeira etapa da transformação envolve uma mudança de mentalidade, ou seja, acabar com processos antigos como o uso do papel. Bato nessa tecla, porque ainda vejo muitas empresas usando processos manuais no dia a dia.

A segunda é encurtar o tempo de execução dos processos.

A terceira transformação é entrar na caixa de inovação para melhorar a experiência do usuário lá na ponta.

E a quarta e última é estar dentro de um ecossistema em que se possa oferecer o produto para o usuário com essa experiência, que é comum a mais de uma empresa ou a mais de uma solução e evidentemente, a um ecossistema.

Robson Cunha,  Chief Innovation Officer na Ativy.

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