Senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da espionagem aprovaram nesta terça-feira, 10, requerimentos para ouvir o jornalista britânico Glenn Greenwald e seu companheiro, David Miranda, sobre as denúncias de espionagem do governo dos Estados Unidos no Brasil. A expectativa dos membros da comissão é que os dois sejam ouvidos na próxima semana. Foram aprovados também convites para a presidente da Petrobras, Graça Foster, a diretora da Agência Nacional de Petróleo, Magda Chambriad, e um especialista em segurança eletrônica, que ainda será escolhido.
Greenwald é o colunista do jornal britânico The Guardian responsável pelas denúncias que a Agência de Segurança Nacional (NSA) americana tem monitorado as comunicações de internet no Brasil, inclusive as correspondências online da presidente Dilma Rousseff e a rede de computadores da Petrobras. O jornalista escreve as matérias com base em documentos vazados pelo ex-técnico da CIA, Edward Snowden. Já Miranda foi retido por mais de oito horas em um aeroporto de Londres e teve seu computador apreendido pelas autoridades inglesas.
A CPI pretende ouvir também autoridades brasileiras. Não foi mencionado se representantes de empresas de internet acusadas de colaborar estreitamente com a espionagem, como Google, Microsoft, Facebook, entre outras, serão ouvidos. Serão convidados também os ministros das Comunicações, Paulo Bernardo; da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Defesa, Celso Amorim; de Relações Exteriores, Luiz Figueiredo; e do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito. Nenhum dos convidados é obrigado a comparecer.
A CPI foi instalada na semana passada e elegeu a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) como presidente, o senador Pedro Taques (PDT-MT), como vice e o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), como relator. Ferraço explicou que o plano de trabalho da comissão seguirá cinco linhas de investigação: o alcance e a execução da espionagem; o atual aparato brasileiro de inteligência e defesa cibernéticas; política, diplomacia e convenções internacionais; preparativos governamentais para proteção das telecomunicações brasileiras frente à "guerra cibernética" e marco civil da internet. Segundo o relator, o plano de trabalho consolidado será apresentado logo após serem colhidas colaborações dos demais senadores do colegiado.
Além disso, Pedro Taques ressaltou que um dos objetivos da comissão é investigar se o país possui instrumentos hábeis para evitar espionagens desse tipo. O senador disse ainda querer apurar qual a real extensão da espionagem que teria atingido a presidente e assessores do governo e a Petrobras. Com informações da Agência Brasil e Agência Senado.