Quantas vezes você já se pegou pensando "o mundo está mudando muito rápido"? Inúmeras, não é mesmo? Alguns dizem que a pandemia está potencializando essa transformação, porque nos forçou a abraçar o novo de um dia para o outro, mas esse movimento é muito mais amplo e está intimamente ligado ao avançado da tecnologia. Já no mundo corporativo, as inovações acontecem em alta velocidade – um produto super moderno pode se tornar obsoleto rapidamente. Faz parte do jogo. As pessoas estão mais conectadas e a tecnologia mais democrática, tudo isso contribui para a evolução tecnológica.
Com a transformação digital, promover mudanças rápidas tornou-se obrigatório e determinante para garantir a sobrevivência dos negócios. Inovar deve fazer parte da rotina de todas as empresas. E tudo começa com alguns questionamentos: como a minha empresa está organizada para entregar valor ao cliente? Será que ela conhece as suas dores e desenvolve produtos e serviços para combatê-las? E o mais importante, qual o tempo gasto entre a identificação do problema e a entrega da solução?
O caminho para a inovação passa pelo mapeamento do fluxo de valor (Value Stream Mapping, VSM, na sigla em inglês), uma ferramenta da famosa metodologia Lean Manufacturing, que propõe um sistema produtivo mais eficiente reduzindo o desperdício. O primeiro passo consiste em olhar para dentro, inclusive o fator humano, para compreender como funciona a sua cadeia. E depois, mapear a jornada desse consumidor de ponta a ponta, a chamada perspectiva externa.
Parece muito eficaz na teoria, mas na prática, é mais complexo porque a ótica interna, passa por vários departamentos e por pessoas – em alguns processos de desenvolvimento mais de 2/3 do tempo é perdido com troca de e-mails e aprovações infinitas. Já a visão externa, exige um exercício genuíno de empatia, caso contrário, é ineficaz a observar algo baseado apenas na sua percepção.
Para colocar a mão na massa, comece por uma ação simples: cole pequenos papéis simbolizando cada "passo" do que existe hoje, desde a identificação do problema do cliente até a solução chegar nas mãos dele. Verifique o tempo de cada etapa mapeada e o tempo de espera entre elas. Com isso, será possível identificar quais fases são as mais demoradas e o ciclo total.
Aqui faço um convite para você desafiar sua reflexão quando estiver na fase de identificação do problema. Não é incomum olharmos determinados cenários sob o "efeito melancia" – sabe quando por fora tudo parece "verdinho", mas por dentro está tudo tão "vermelho", que dá até medo?! É preciso ser realista ao mapear o que de fato precisa ser alterado e criar um roteiro de transformação.
Feito tudo isso, valem os questionamentos: será que a sua empresa está mesmo inovando? Ela consegue entregar não só o que o cliente precisa, mas na velocidade que ele precisa? Se a resposta for não, ela corre o risco de ficar ultrapassada e até mesmo deixar de existir.
Lembra que mencionei que o mundo está mudando rapidamente? Então, na nova economia, sobrevive quem é mais rápido e não o mais forte. Isso significa que de nada adianta ter uma estrutura robusta, se a sua capacidade de mudar e se adaptar não acompanhar as necessidades do seu público.
Daniel Peralles, head de tecnologia da ao³.