Entidades defendem direito de não inclusão em listas de telemarketing

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A Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado realizou audiência pública nesta quarta-feira (10/10) para discutir dois projetos que tramitam em conjunto e tratam da regulamentação das atividades de telemarketing. A necessidade de regulamentar o setor foi defendida por unanimidade pelos representantes de entidades públicas e privadas de defesa do consumidor. Eles também apóiam a possível criação de uma lista de usuários que não desejam ser contatados por serviços de telemarketing ativo (quando o usuário recebe a ligação).

A coordenadora de assuntos jurídicos do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Maria Beatriz Corrêa Salles, defendeu reiteradamente a criação da lista de exclusão. A representante do Ministério da Justiça também acha que a atuação do serviço de telemarketing deve ser restrita ao horário comercial. ?O consumidor terá o ônus de comunicar que não quer receber ligações de telemarketing para entrar na lista, mas as empresas terão que se esforçar para tornar o serviço mais atraente e útil, de forma que as pessoas não queiram ficar fora da lista. A importância desse cadastro é enorme para o consumidor e para o serviço de telemarketing?, afirmou.

Já o presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira de Telesserviços, Topázio Silveira Neto, apesar de concordar com a necessidade de haver regras, defendeu a auto-regulamentação do setor. Segundo ele, o telemarketing ativo emprega cerca de 200 mil pessoas no Brasil e a criação de uma lista de usuários que não desejam ser contatados, na sua avaliação, pode trazer riscos à atividade. ?Nossa posição é favorável à regulamentação que proteja o consumidor, mas somos contrários à lista restritiva. Criar uma legislação que restrinja esse mercado é perigoso, pode causar demissões no setor?, avalia Silveira Neto.

A audiência foi requerida pelo relator da matéria, senador Renato Casagrande (PSB-ES), que destacou a importância do debate para ajudar a equilibrar visões distintas e para auxiliar na elaboração de um substitutivo que deverá apresentar aos dois projetos ? o de autoria da senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) e o apresentado pelo senador Expedito Júnior (PR-RO). ?O cadastro [de exclusão] é polêmico. Caberá ao Congresso decidir se haverá ou não o cadastro ou se pensaremos em algo para substituí-lo?, disse Casagrande.

O superintendente de Serviços Privados da Anatel, Jarbas José Valente, destacou que a função da agência é regulamentar o setor de telecomunicações e que não é atribuição da agência construir e gerenciar o cadastro de usuários que não desejem ser alvo de telemarketing ativo, conforme prevê um dos projetos.

O gerente jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Marcos Diegues, afirmou que o instituto apóia os dois projetos, mas defendeu a adoção da definição de telemarketing prevista no projeto de lei de Roseana Sarney, porque não restringe a atividade às ligações feitas para a casa do consumidor e inclui as realizadas para o trabalho.

O senador Marcelo Crivella (PR-RJ) sugeriu a adoção de um número especial para empresas de telemarketing que permita aos usuários identificar esse tipo de chamada e poder optar por não atender. O senador também se preocupa com a dificuldade de coibir práticas abusivas de empresas informais.

O senador Expedito Júnior, autor de um dos projeto, destacou que o setor é um dos que mais emprega no país e que oferece muitas oportunidades a jovens inexperientes. Disse considerar necessária a criação de um cadastro de exclusão de usuários, mas acredita que essa responsabilidade "deveria ser das empresas, portanto, sem custo para consumidor". O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) destacou que as chamadas para os números 0800, ou seja, feitas pelo consumidor, respondem por 80% dos empregos no setor e que apenas 20% dos postos de trabalho seriam afetados por eventuais restrições ao telemarketing ativo.

Com informações da Agência Senado.

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