O governo dos Estados Unidos obteve uma ordem judicial em segredo que obriga o Google e o provedor de internet Sonic a entregar informações das contas de e-mail do ativista Jacob Appelbaum, acusado de colaborar com o vazamento de informações sigilosas enviadas por embaixadas dos Estados Unidos em todo o mundo para o site de denúncias Wikileaks. O pedido de entrega das informações reacende o debate sobre violação de leis federais de privacidade e proteção da internet no país, além de emendas constitucionais. As informações são do The Wall Street Journal.
O Google e a Sonic solicitaram o direito de informar o cliente sobre a abertura dos seus dados, mas tiveram o pedido negado. O Departmento de Justiça (DOJ) autorizou o governo a obter informações sobre endereços de pessoas com as quais Appelbaum se correspondeu nos últimos dois anos. Além disso, o Google terá de revelar os endereços IP dos computadores em que ele fez o login em sua conta de e-mail.
A decisão da quebra do sigilo levanta o debate nos Estados Unidos sobre uma lei federal que dá à Casa Branca poder de obter secretamente informações de e-mail e celulares sem um mandado de busca. Juristas questionam a decisão e dizem que a lei viola a Constituição do país.
O Wikileaks divulgou uma série de documentos sigilosos do governo americano. Em 2009, o Google passou a contabilizar os pedidos de informações e, em seis meses, a empresa afirmou ter recebido 4.601 solicitações, colaborando com 94% delas.
Applebaum é desenvolvedor de um projeto sem fins lucrativos que dá aos internautas ferramentas que garantem o anonimato. Elas são usadas principalmente para garantir a não inteceptação do tráfego on-line em países onde a internet é monitorada pelo governo; ele, inclusive, já recebeu ajuda financeira do governo dos Estados Unidos.
Depois de ser citado em um blog do Wikileaks, que listava alguns de seus colaboradores, Appelbaum passou a ser um defensor do site. Seus dados de IP a partir de sua conta do Twitter passaram a ser investigados pelo DOJ em dezembro do ano passado, mas os dados não foram liberados. O microblog ganhou recurso para manter os dados de Appelbaum e de outros ativistas em sigilo.
O ordem de entrega das informações ao Google e à Sonic.net remetem a investigação solicitada ao Twitter e refere-se aos mesmos dados negados pela rede de microblog. Não há informações, contudo, se o Google atendeu o pedido. A Sonic.net, por sua vez, afirmou ao jornal que tentou barrar e manter a privacidade de seu cliente por meio de um recurso judicial, mas foi vencida pelo tribunal.