O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, afirmou que a desindustrialização, promovida pela política cambial e pelo alto custo de produção no País, está reduzindo o ânimo das empresas de investirem no processo de inovação. O executivo partiu do conceito de que inovação é a agregação continuada de melhorias tecnológicas num determinado produto, buscando alcançar mais competitividade.
Segundo ele, o Real extremamente valorizado, além de facilitar o crescimento das importações de produtos acabados, contribui para o baixo índice de investimento em inovação e desenvolvimento tecnológico no País, pois desestimula a produção.
Para Barbato, ainda falta de um programa nacional único que coordene as políticas públicas de apoio à pesquisa, ao desenvolvimento e à inovação no País. “As políticas existentes concorrem entre si, pois estão espalhadas pelos diversos órgãos de governo. É o caso, por exemplo, das linhas de financiamento do BNDES voltadas para a inovação nas empresas, dos programas e serviços setoriais não financeiros de apoio à inovação e, principalmente, dos editais de subvenção econômica da Finep”, pontuou.
Barbato destacou ainda a incerteza de que as políticas de incentivo, financiamento e subvenção existentes, estejam realmente contemplando projetos de interesse da indústria e, consequentemente, do desenvolvimento produtivo, que é a essência da Lei de Inovação.
Ele observou que a inovação resolve problemas práticos, como baratear o processo industrial, agilizar a produção, gerar maior eficiência e rentabilidade de forma ambientalmente correta, ou seja, garante a competitividade. “Por isso, a necessidade de uma concentração de esforços para que as subvenções cheguem efetivamente ao setor produtivo”, afirmou.
Por fim, o executivo destacou que no atual cenário de crise mundial, a inovação tem um caráter essencial para garantir a competitividade, porém, para se atingir esta condição competitiva, é necessário ousadia. “Estamos perdendo espaço para grandes competidores – Índia e China – que agregam mais valor a seus produtos do que nós, e de forma mais rápida”.
Para ele, o País precisa, urgentemente, adotar medidas compensatórias à questão cambial que, associada a uma infraestrutura totalmente defasada que só encarece o processo produtivo, prejudica a atuação da indústria. “A cultura de inovação tecnológica faz parte do DNA do empreendedor industrial, que já não suporta mais o peso do câmbio”, comentou. “Inovar é fundamental, mas quando produzir ainda é viável”, concluiu Barbato.